Office in a Small City por Edward Hopper

Tag: literatura

  • Teus olhos na escuridão. 11

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Passei o final de semana olhando, periodicamente, a tela do personal e esperando alguma nova palavra do emissor misterioso. Cheguei a perguntar a ele se estava lá, se queria dizer algo mais, qualquer coisa que fosse, o que se revelou completamente inútil. Poderia…


  • Teus olhos na escuridão. 10

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Descemos as escadas juntos, o Gabriel e eu. Na calçada, em frente à porta de vidro, ficamos parados, incomodando o percurso de um ou outro que passava, coisas de fim de tarde. Acendi um cigarro. A porta se abriu, a Cleo saindo. Nós…


  • Teus olhos na escuridão. 9

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. No dia seguinte, uma sexta-feira, a realidade, quase sempre previsível mas por sorte e por toda parte imprevisível, trouxe novo fôlego à mídia televisiva – e que fôlego!, já que se tratou de uma caçada humana pela principal cidade do estado do Rio…


  • Teus olhos na escuridão. 8

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Nessa noite, busquei meu pai. Seu rosto próximo, na tela de meu GP, sugeria ângulos engraçados e o tornavam ovalado e disforme: o velho seu Geraldo, com sua expressão inteligente e agitada. Agora ele se afastou um pouco, ficou bem, sua cara de…


  • Teus olhos na escuridão. 7

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Uma quinta-feira, e ficou combinado que, no final da tarde, faríamos uma festinha surpresa para a Alice. A Heleninha aproximou-se de meu ponto, portando uma tablet, seu personal e uns papéis. A caneta vinha na boca, entre os dentes. Pegou-a com a mão…


  • Teus olhos na escuridão. 6

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Fazia já duas semanas que as influências agradáveis e inconfundíveis da Rose aromatizaram meu estreito apartamento orientado por livros. Seu perfume tinha certa densidade, eu quase podia tocá-lo no ar, com os lábios, se me esforçasse um pouco. Na primeira vez que a…


  • Teus olhos na escuridão. 5

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Fomos a pé até o Prime Time. Três quadras da redação, mais duas árvores virando à direita – esse último trecho é quase insignificante para quem caminha, só a conta de nos desviar da rua principal e nos conduzir a outro ambiente, rua…


  • Teus olhos na escuridão. 4

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. No terceiro ou quarto dia, não tenho certeza, a Cleo se aproximou de mim. Ouvi o som de seus saltinhos, seus passos curtos, lá estava ela, de pé ao meu lado, perguntando a quem deveria encaminhar uma postagem compartilhada para melhorar a qualidade…


  • Teus olhos na escuridão. 3

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Eu trabalhava havia oito anos na Facto quando a Cleo chegou. Comecei aos 24, após um ano de estágio em um periódico predominantemente impresso. A revista tinha pouco mais de um ano da fundação. Esse foi e (acho que até uns dias atrás)…


  • Teus olhos na escuridão. 2

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. No primeiro dia, liberado à noite, após quase doze horas de interrogatório, fui para casa a pé. A chuva forte da manhã havia se esgotado no meio da tarde, como soube depois. Todas as ruas ainda estavam molhadas, e o céu, mais claro…


  • Teus olhos na escuridão. 1

    Uma aventura perigosa na clandestinidade.O mapa de um escândalo.Um segredo potencialmente devastador. Clarissa, boa noite. Anotei cuidadosamente seu endereço em Lisboa. Quando você receber o pacote contendo uma pasta com papéis avulsos, meu arquivo eletrônico já terá sido eliminado. Se não houver extravio por parte dos Correios, logo você saberá de tudo. Delete esta mensagem…


  • Doutor Diego

    Em minha missiva mais recente ao senhor D., um jovem cavalheiro que me parecia estar sofrendo ainda, como resultado das versões contraditórias sobre a perda de um seu ente mui querido, tentei persuadi-lo a encontrar-me, em função de que todo aquele imbróglio (talvez) mal-intencionado fosse esclarecido de vez. Meu caro senhor […] Caso te interesse…


  • …projeto esvanecendo-se…

    Um processo em curso, propenso à descontinuidade. Com o casamento e a vida profissional desmoronando, um homem passa a reavaliar as chances de retomar sua condição anterior e de reintegrar-se ao ambiente social que conhece por meio de Marjorie, sua esposa, enquanto, secretamente, pensa em uma maneira de nunca mais voltar. Surpreendido, revendo seus valores…


  • Projeto esvanecendo-se. O sumiço de Coco Chanel

    Coco Chanel nos deixou numa noite de lua. Era outro daqueles dias esquisitos entre o verão e o outono, não lembro ao certo. Meu segredo ansioso atravessava os dias. E as noites. Eu agia normalmente, sempre. Sentia algum remorso, preocupação. Mas também, por força do hábito e de uma fina crença natural na invulnerabilidade (portanto,…


  • Viagens

    “Tudo o que pudeste acumular com tuas mesquinhas armadilhas, teu dinheiro e bens, teu falso poder, extinguiu-se, desnecessário, tua fortuna hoje decai, esquartejada, numa comunhão de abutres. Tua imagem e teu nome fazem-se gradualmente apagados na memória dos tempos. Tudo o que eras dissolveu-se.” Desde que dera o último adeus a seu próprio corpo e…


  • Sonhos alados

    “Olhe”, disse a pomba, apontando a cascata. “As pedras cercam as águas que caem e modelam seu curso. Mas a espuma, sua parte mais pura, esta flutua acima das pedras, e desenha, com suas nuvens de gotículas, os mais belos arco-íris.” O canário observou a queda d’água e, num instante de claridade, concordou com o…


  • A canção de pedra

    Após muito pensar, considerando que vivia bem entre os seus e tinha a reciprocidade de sua amada, entendeu finalmente o que lhe faltava: a eternidade. Nasceram no mesmo dia, de famílias diferentes, numa região que a natureza ornou com colinas gramadas e regatos transparentes, duas crianças sadias, motivo de grande contentamento na comunidade dos pastores…


  • Quando se olha por uma janela…

    Mas o tempo passa, as coisas passam, e as pessoas deixam de existir.A vida ocorre somente neste momento em que escrevo e conto. Quando se olha por uma janela e se observa o mesmo panorama, com os mesmos recortes de telhados, através dos mesmos vidros, por entre a mesma moldura, tanto no dia de ontem…


  • A grande árvore da vida

    Caminharam até que, das trevas que a tudo envolviam, emergiu a nebulosa imagem de uma porta de arco, solidamente incrustada num altíssimo paredão de pedra, do qual não se via o fim.Era como se um muro intransponível barrasse todo o outro lado do mundo. Aproximando-se, Henrique pôde ler o que se inscrevia no arco superior…


  • Gino (e a história resumida de sua estranha existência)

    Por mais que se tentasse ver o contrário, era inegável que o pequeno Gino possuía desde cedo um ar patético, além de cultivar hábitos estranhos, não bastassem as singularidades impostas pelo destino. Foi na granja Belaroba, próxima ao eterno rio e cercada pelo muro inalcançável, que nasceu um pinto raquítico, bico torto e cabeça grande,…


  • A cor intensa que nasce e morre com os humanos (trecho)

    Nem sempre corre ao computador. Tem um tempo próprio de convivência com os papéis, uma necessidade. Mas claro que essa porcaria eletrônica serve muito bem a suas necessidades, serve muito bem mesmo. Telinha, digitação, ideias e infantilidades. Serve muito bem à maior parte de tudo o que rabisca ali, ao lixo limpo que nasce de sua mente…


  • Sua canção de enganar (trecho)

    Texto apresentado no sarau da UEI (Sarau das tribos), julho 2019. Difícil é descobrir onde. É descobrir como. O que engendrou o erro, quando você parecia perto de possuir o mundo por causa de sua coragem. E por causa do amor. Parecia fácil. E o mundo, para cada um, sempre foi só até onde se…


  • Sete anos em Manhattan (trecho)

    Por vezes não sabemos por que fazemos algo.Mas um dia alguém descobre por nós. Encontrava-se ali, em minha casa moderna e espaçosa, esse velho e querido amigo, Robinson, desaparecido há tempos: desaparecidos nós dois, um para o outro, enquanto o tempo se deslocava entre chegadas, partidas e naufrágios. “Robinson, mal acredito que o estou vendo…


  • Liana pensa ter visto um vulto…

    Texto publicado na revista Ponto & Vírgula, n. 45, maio/junho 2019. Liana pensa ter visto um vulto de mulher à margem do acostamento. Não. Era o resto de uma árvore cortada. Sente ainda em seu corpo as vibrações do sexo recente, de uma tarde em que Danilo estava especialmente ativo. Intenso, ela chegou a pensar.…


  • Projeto esvanecendo-se. Das caminhadas e corridas

    … um aroma intenso de balas de baunilha de rosquinhas de forno de mel de algo docemente enfumaçado, e tudo, bem no fundo, sustentado por um perfume suave de limão.Em fins de fevereiro, todos esses aromas ressurgem com agradável intensidade no ar úmido deixado por alguma breve tempestade clara típica sazonal, multiplicados pelas chuvas. Minha…


  • Relâmpagos (trecho)

    Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, Feira do Livro, Centro Cultural Palace, junho 2019. Quando penso em minha infância, vejo um menino atrás da vidraça numa noite tempestuosa – rosto sem sorrir, olhos iluminados por relâmpagos que o fascinam. O relâmpago cai das alturas, precedendo o estrondo que lhe corresponde, move a terra,…


  • As cinco estações (trecho)

    Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, junho 2019. Verão. Canção dos vaga-lumes E sua luz, sua breve luz. Duravam só o verão. Encantavam-me em criança, pedia a meu pai que os explicasse. “Por que vaga-lume, pai?” “Era caga-lume, virou vaga-lume.” Eu ria, pedia outra vez que recordasse a cantiga de atraí-los. Cantávamos juntos,…


  • Cores, sombras: aquarela de passagem (trecho)

    Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, maio 2019. Este conto é sobre um menino que pensa em desenhar e pintar para registrar seu universo, desde a infância, e que mais tarde se encontra com sua consciência a mostrar-lhe que o tempo, naturalmente, haverá de desmanchar tudo que um dia existiu. ………. Calçamentos de…


  • Em menos de vinte e quatro horas…

    Texto publicado na revista Ponto & Vírgula, n. 44, março/abril 2019. Em menos de vinte e quatro horas, dois colegas, separadamente, disseram algo sobre eu acabar sozinho no futuro. “Desse jeito, você vai acabar sozinho”, uma colega normalmente muito agitada, dela eu recordo cada palavra, fácil. Eu não respondia. Não me importo de ficar sozinho.…


  • Azevedo – Lembrança de morrer

    Esse rapaz entendeu desde cedo que a poesia estava acima das tantas outras coisas que nos condicionam e que nos prendem à vida. Ele é diferente dos suicidas. Trabalha não movido por impulsos drásticos, mas constatando aos poucos, a cada verso, sua grande mágoa de estar vivo. Ele consegue, com poucas palavras, passar-nos uma ideia…


  • Páginas claras, penumbra (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no evento promovido por Irene Coimbra, no Hotel Village Inn, abril 2019. O trecho a seguir é parte do romance Os últimos dias de agosto, meu primeiro trabalho nesse gênero. Eu o comecei aos 19 anos e terminei aos 27. ………. É preciso contar. Sempre que o torvelinho de situações,…


  • Um dia, você abriu o jornal… (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, na Livraria Paraler, abril 2019. O trecho a seguir é parte do romance Marcas de gentis predadores. Liana, a personagem principal, questiona Danilo sobre uma antiga colega dele (eventualmente sua amante), que vinte anos antes teria se suicidado. Conforme ele conta a sua atual…


  • Damares (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, na Livraria Paraler, e no encontro de escritores promovido por Irene Coimbra, no Hotel Vilage Inn, março 2019. Parte da literatura trabalha com elementos mágicos, fantasiosos, surreais, uma tradição que remonta à Antiguidade, como nas narrativas de As mil e uma noites, e chega…


  • Chora, menino (trecho) 2

    … que acontecem Texto apresentado no evento promovido por Irene Coimbra, no Hotel Village Inn, fevereiro 2019. Correu à avó, como pedindo socorro, a um passo de irromper em prantos e em pânico, a garganta afogada, porque vira na televisão alguma coisa sobre esqueletos, ossadas humanas, nem se lembrava ao certo. Era um menino pequeno.…


  • O final dos contos de fósseis (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, fevereiro 2019. Não resisto, detenho-me diante da casa. Concretada a caixa de correspondência: não recebiam cartas, contas ou cartões os moradores que nos sucederam? Perturbam-me os grandes tipos do aviso (VENDE-SE), o rumor de vozes na sala. Subo os três (quatro, quem sabe?) degraus…


  • Projeto esvanecendo-se. Seu perfume suave estranho novo

    Penso em deixar uma cadeira lá para me sentar e ler, mas tem chovido muito por esses dias.Coisas simples que me inspiram aconchego e uma gostosa solidão. Tarde fresca em abril, agradável. Brisas intermitentes. Ameaçava um vento, e logo se ia, em forma de sopro delicado entre as folhagens. Sei disso porque olhava pelos vidros…


  • Meu gatinho Dedalus

    … tenho a impressão de já ter visto algo de branco entre as estrias, algo de cinza junto às orelhas… Esse amiguinho, de pelo ruivo, por vezes castanho (tenho a impressão de já ter visto algo de branco entre as estrias, algo de cinza junto às orelhas), ajeita-se na cama, ao meu lado, bom companheiro, enquanto…


  • Projeto esvanecendo-se. Terça à tarde

    Não deve haver quem não se encante em encontrá-la assim, de frente, com esse sorriso indecifrável e esses olhos nórdicos… Parecia que, mesmo ao sol e à franca claridade dessa tarde, continuassem ativos os componentes de uma atmosfera densa entre neblinas. A Marjorie marcou com a Maga dia e hora em que ela me visse. Que…


  • O cavaleiro do século (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, dezembro 2018. Todo este conforto hoje, porém tudo me inspira a surda sensação de um difícil desafio. Talvez a vida continue exigindo de mim novos sacrifícios, não sei quais nem de que tipo. Não sinto medo. Sofro com uma grande curiosidade. Os grandes atos…


  • Chora, menino (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, novembro 2018. Correu à avó, como pedindo socorro, a um passo de irromper em prantos e em pânico, a garganta afogada, porque vira na televisão alguma coisa sobre esqueletos, ossadas humanas, nem se lembrava ao certo. Era um menino pequeno. Como ter certeza da…


  • O réquiem das crianças (trecho)

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, outubro 2018. Antonio Candido dizia que a literatura é o sonho acordado da civilização. Assim, quando criamos ficção, estamos recriando nossa realidade. Nenhum sonho é um sonho por si mesmo, ele sempre tem base no mundo real. Em nossa memória, as lembranças cristalizam-se, fossilizam-se,…


  • Tudo à flor da pele

    O que me obrigava a trabalhar por alguma coisa ou ser alguém, como todos? Que compromisso eu tinha com o resto dos homens? Podia pensar outra vez, o que era pior. Raciocínios banais ocorriam-me como revelações, tudo parecia do avesso. O que há sobre o mundo são os cérebros de hoje, que imaginam o passado.…


  • Documento antigo

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, agosto 2018. Por algum motivo, pus-me a rever um de meus fósseis mais pitorescos: a carteirinha de identificação que autorizava o uso de dois ônibus diários, com desconto, ida e volta ao colégio, um documento no qual se lia: PASSE DE ÔNIBUS ESCOLAR. Emblema…


  • Que momento é este?

    Esquinas conhecidas. Mesmo lugar, mesma pessoa. Experiência, dizem. Quando for velho, o que saberei? O que os velhos sabem? Nessa mesma tarde, pude pôr em prática minha atitude alternativa. Por que não teria coragem? Sou um homem ou uma melancia? Deu-se com uma daquelas garotas que ficam em determinados pontos do centro, prancheta à mão.…


  • Entre meias palavras e subtons

    … que acontecem Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, julho 2018. Logo em nosso primeiro encontro, contei a ela de como havia perdido o emprego. Sabia? Não, não sabia. É? Que chato. Não sabia. Que aconteceu? Eu me senti muito bem depois de lhe contar a história da minha agourenta demissão, de como fui conduzido…


  • Força bruta e sutilezas mais nocivas

    … que acontecem Texto apresentado no sarau promovido pela ARL, no SESI, junho 2018. E pensar que alguma vez sonhei casar-me com Vanessa, amá-la como ninguém mais pudesse fazê-lo em meu lugar, cego para com a evidente superioridade dos rapazes de seu meio, que naturalmente dispunham de mil vantagens e direitos sobre mim, isso sob…


  • Lauro e o monstro

    Tenho visto tantos desgraçados, tenho ouvido as mais terríveis histórias, conhecido os piores castigos. Rogaram-me mil pragas, amaldiçoaram-me muitas vezes com palavras e pedras, e fui ficando assim, obscuro. Tão logo Lauro se entregara ao transe, soube que teria de enfrentar o Inferno. O pressentimento de quem caía nos penhascos profundos da não consciência, porém…


  • Braile, chancelaria, onda dentro de um vidro

    … que acontecem Trechos de alguns contos apresentados no sarau da Casa do Poeta em 27 de maio último, no Centro Cultural Palace. No último degrau do pátio, o menino intui que as palavras se transformam, que se modificam conforme os olhos de quem as considera […]. Que viajam. E se deslocam entre os dias…


  • Colecionador involuntário

    … que acontecem Trecho de Projeto esvanecendo-se apresentado no sarau da Casa do Poeta em 5 de maio último. O que me oprimia no momento, entre obscuros impulsos de não querer, era minha antiga e nunca definida relação com os objetos. Mirando sem rumo um ou outro item por ali, senti mais uma vez aquele…


  • Projeto esvanecendo-se. Quase uma trégua

      Eu já tinha parado de falar, consciente de meu humor instável, propenso a declinar rapidamente. Como ela, fiquei olhando a praça, uma coisa e outra, disfarçando minha ansiedade. Em outra parte da praça, outra divisão do gramado a alguns metros dali, três canos enormes estendidos horizontalmente. Não eram canhões, claro, apenas partes deles – se…