Office in a Small City por Edward Hopper

Tag: ficção

  • Somos cópias produzidas pela repetição

    Naturalmente exagerava um pouco, é compreensível. Aliás, Vanessa estava tão bonita e agradável que nem de longe parecia uma boneca empolada. Ao contrário do que eu vinha radicalmente decidindo até há pouco, eu poderia sim, por um instante armado de fera convicção, abrir mão de qualquer ideia de vingança, servindo-me do inesperado pretexto que o…


  • A vida com mil riscos

    Não era aquela a rua do terminal, eu estava enganado. Só então me dei conta de que não tínhamos para onde ir. “Será que no mundo todo chove?”, disse ela, como se de fato não houvesse mais que dizer, sendo aquela a última frase possível num dia como aquele, ainda em curso, ainda possível. “No…


  • Agressividade dos pombos

    Ainda disseram muitas tolices, e nenhuma vez mencionaram o dia ou a primavera. Achei isso notável e digno de registro. Copérnico e Vanessa – não é que já ia me esquecendo deles? – lembraram um comercial de TV, desses que ninguém aguentava mais, no qual um sujeito sem camisa tocava saxofone na sacada de um…


  • Comer alguma coisa, a vida outra vez

    Andamos muito, sem falar. Separados. Sem saber, ela me arrastava por caminhos que normalmente eu tentava evitar. GOVERNO QUER O APOIO DE TODOS NO COMBATE AOS ESPECULADORES Não fui à livraria, não queria mais a ovelha ruiva. Ela própria rompera seu encanto ao revelar-se uma criatura aprisionada, fraca e dependente. Aliviou-me a decisão de nunca…


  • Perigosas canções inofensivas

    A canção traz uma incômoda nostalgia de algo que não alcançamos. Uma sensação de derrota à luz do dia. Qual era a contrapartida disso? Os que berravam canções estridentes e ruidosas como a servir de hino à sua revolta, de exorcismo a seus demônios? Também de nada serviria se Copérnico fosse um entusiasta dos metaleiros…


  • Minha parte entre o sol e as chuvas

    Não é a chuva o que me deixa triste. Não sei mais o que me deixa triste. A tempestade. Mais tarde, pelos noticiários, conheceremos as vítimas de enchentes e desabamentos. Parece incrível, mas é assombroso, que a cada momento nasçam e morram pessoas por toda parte. Milhares, milhões. A diluição do individualismo pode nos deprimir, não…


  • Excentricidades e harmonias

    Não tenho nenhuma vergonha de confessar isso. Não tenho vergonha de confessar nada. A esta altura de minha vida, a solidão progressiva e pungente afeta-me de maneira a conduzir minhas atitudes alucinadas. Daí porque resolvi ficar. Para se ter uma ideia, e a propósito de tal solidão, cheguei a escrever uma série de cartas a mim mesmo, enviando-as metodicamente…


  • Meu tempo sem previsão

    Não se sabia mais quando ocorreria ou não um desses aguaceiros devastadores. Vina e sua mala. Os choques. A chuva. Minha cota na tempestade. Pensando nela enquanto me lançava às ruas de segunda-feira, em busca de endereços e devedores. Tudo outra vez. Pela manhã, costumo me sentir um pouco atordoado, por nenhum motivo especial, por…


  • Eu ali, de uma maneira infernal

    Ao tempo, só podemos dar-lhe nome. O mais, basta que se aguarde com paciência, e um último silêncio nos caberá a todos. “E vocês? Há centenas de anos, tipos como vocês se repetem sobre a Terra. E agora, o que são? Vocês, que não aceitam nunca ser vencidos, que se afligem com a simples ideia…


  • Para eles, não há história

    Esses homens não são como nós, revendo álbuns e sonhos idiotas da juventude. O que acabou, acabou. NOVO PORTA-VOZ REFORÇA QUE O REMÉDIO É AMARGO MAS NECESSÁRIO Sim, os conselhos (e consolos) e discursos são todos para nós. Sempre para nós. Quando ocorrem demissões em massa, deflagram-se campanhas otimistas nas mídias, mostrando que o importante…


  • O que Copérnico não imaginava: todos queriam ser o Sol

    O demônio deve ser isto, o sem fim da contestação. Graças a ele, existem a arte e a ciência. Dizem que um homem maduro compreende as pessoas a ponto de não mais julgá-las ou criticá-las. Mas que me importa ser um homem maduro? Nunca foi esse o meu objetivo. A voz de Copérnico e a…


  • A vida é um vício, não é?

    Eu não queria dizer a ela: sofria outra vez a densa impressão de que no mundo não havia nada a ganhar ou a perder. Apenas a mesma antiga e estranha travessia movendo-se entre os vivos, cada qual sua própria luta e coragem vãs. “Essa trouxe o cachorrinho, olha só… Ele mija na perna de um…


  • Restos de meu pequeno mundo perdido

    Eu juntava restos das revistas em quadrinhos que os outros garotos desprezavam. Ia à feira semanal com escassas moedinhas, buscando na banca de revistas usadas o que meus recursos, tão avessos à urgência de minha sede, permitissem. Como dizia, as mesas ocupavam-se todas, ao redor. Eu ainda associava as pessoas, as coisas, à literatura, um…


  • Os morcegos do dia

    Os morcegos têm pressa. Não há mais o pouco a pouco. Afiam os caninos à noite, na obscuridade, abatem-se sobre a manhã incauta do povo. Do edifício mais alto, partia uma nuvem de morcegos que sobrevoava a noite. Desmembrava-se, fragmentava-se numa infinidade de indivíduos negros, ganchos voadores que entravam pelas janelas, invadiam as casas sem…


  • Entre fetiches e delírios, tudo muito secreto

    Há algo que nos move às misteriosas variações do prazer primordial. Nós, não sendo psicanalistas nem sexólogos, felizmente não os compreendemos. E podemos vivê-los. Ainda assim, tive a grata mas incômoda impressão, no fundo um daqueles nebulosos sinais espontâneos que já se insinuam prontos a convencer-nos de uma nova verdade (ou de uma velha verdade…


  • Esperança, mas que dramalhão!

    Era inútil desdobrar-me em pretextos. Ela não era normal e parecia decidida a ficar. Estranhei que batessem à porta do apartamento. Mas, sim, a campainha vivia me traindo, defeito na fiação. Umas oito da noite. “Oi”, disse ela. Uma mala de livros. A mesma camiseta exigindo o fechamento das indústrias poluentes. Calça justa, tênis encardidos.…


  • Controlados pelo costume

    Vanessa era uma mulher deliciosa, digna de ser preservada em alguma imagem sem artifícios. Fora disso, o tempo continua com seu estranho gosto pelas metamorfoses. Os grupos cresciam ao redor. Gargalhadas mecânicas e outras manifestações de frivolidade revelavam-se aos poucos, iam envenenando o ar. Tive vontade de erguer-me de repente e contar a todos ali…


  • A encantadora ovelha ruiva. Parte 2 (I Ching, estrelas, patrão)

    A única coisa que eu podia afirmar a mim mesmo era que aquela ruivinha supersticiosa me inspirava, naturalmente. O mais são confusões: amor, paixão, desejo, um carnaval de lixo semântico que só serve para piorar o sofrimento de todos nós. Tinha fome, mas queria antes passar na livraria – a ovelha ruiva. Sua imagem quase…


  • Persona non grata – mas eu já sabia

    Para minha desgraça, pareciam ser todos como eles, de sobrenomes intermináveis. Lá, era tudo muito caro. “Boa tarde.” Ah, agora ele vem. Deve ter visto Copérnico chegando. Não parece dar-me atenção, pois percebe que sou um qualquer, de sobrenome curto. Esse é dos bons. “Boa tarde”, eu respondi. Só eu. Nem assim o garçom me…


  • Coisas de rua e encontros desastrados

    Livro-me de todos eles no intervalo de almoço. Gosto de estar sozinho. Quero estar sozinho o mais possível. Viver minha única vida. A tarde vinha se mesclando à noite, o mundo ia perdendo seus contornos. Eu caminhava em direção a um amontoado de entulho deixado na calçada, suspirava de cansaço por qualquer mísero obstáculo que…


  • Cantiga medieval de tristes vassalos

    Os rapazes de seu meio dispunham de mil vantagens sobre mim, sob todos os pontos de vista. Menos o do amor. A mesma idade. Não o mesmo passado. O que passou não mais se altera, todos aqueles dias se foram, e minha adolescência já não pode ser outra. Vanessa havia me desprezado, e Copérnico também, separadamente.…


  • Cuidado: ele tem um guarda-chuva

    Deixam cilindros na Lua, plaquinhas em Marte, latarias em órbita… Aonde pensam que vão, se saírem daqui? PORTA-VOZ ADMITE QUE GOVERNO NÃO TEM MAIS CONTROLE SOBRE A CRISE Ele poderia ter acrescentado: e quer o esforço de todos no sentido de… – como sempre fazem. Foi negligente, talvez ingênuo. À parte isso, jornais expostos em…


  • Música suave e um vulto do passado

    Como se tudo pudesse ser perdoado. Como se todos pudessem redimir-se, sem nenhum esforço para isso. E ali estávamos os três. Eu, com meu passado de humilhações e traumas inexpugnáveis, debatendo-me contra incessantes dificuldades financeiras, havia atravessado todo aquele período, chegara até ali, de alguma forma – e por nada. Eles, com suas vidas transcorrendo…


  • Trágico ou apenas… menos cômico

    Mórbido ou apenas… Bem, não importa o que seja. Se pode ser esquecido em breve. Ainda que tentasse evitar – o que nunca faço –, as ruas costumavam cercar-me de cenas avulsas, frases ouvidas por acaso, pessoas em movimento protagonizando os dias, todos os dias, antes que viessem outros, outros dias, outro tempo, outras gentes.…


  • Em parte, o destino

    Estamos nessa idade em que parte de nosso destino já transcorreu. E a outra parte como que se delineia previsível, com suas tendências, a menos que ocorram novos desastres. Dez anos. Durante essa tão breve quanto extensa amostra de tempo – pois referir-se a ela não é o mesmo que tê-la atravessado, com todas as…


  • Vida nova, sangue novo

    Não, não sou audacioso, sei disso. Não tenho certos valores apreciados pela maioria. Mas não estou vencido. Tenho planos subversivos para mim mesmo. Há quase um ano, trabalho num escritório de cobranças e tenho me aguentado. Hoje eu me sinto à vontade com os colegas, e eles também fingem que nos gostamos. Quase um ano…


  • Sempre muito entendidos

    Eu me sentia na linha limítrofe entre o pensar e o falar, com receio de confundir-me. Meu ódio ia voltando aos poucos. O fato era que Copérnico queria parecer um sujeito culto, para a admiração de Vanessa. E para minha própria admiração, sob outro aspecto. Entrou a falar do que lhe parecia mais acessível, algo…


  • A Lanchonete Mangueira

    A história é contada pelo vencedor. Não. Nem sempre. Esta história será contada por mim. A manchete era praticamente a mesma, quase a mesma de um ano atrás, pouco antes do choque econômico. GOVERNO GARANTE QUE NÃO HAVERÁ CHOQUE Segui pela galeria que me encurtava o caminho e refugiei-me no salãozinho sossegado, silencioso, da Lanchonete…


  • Com o tempo, comecei a mentir

    Deve ser porque eu vivia sempre em busca de algo e acreditava no que me diziam. Deve ser por causa da esperança. “Se precisar, sei de umas histórias que dão um puta livro”, cacarejou Copérnico. Detesto quando alguém me diz: por que você não escreve sobre a nossa cidade? Ou então: minha vida daria um…


  • Que sonhos teriam valido a pena?

    Alguma coisa com sua própria consciência, ela me contou. Portanto, parecia inevitável que que tudo acabasse assim. Tornei a encontrá-lo no dia seguinte, tornou a falar no Delfino. “E o Delfino, hein?” “Pois é.” Delfino, como pudera entregar-se assim? Sem um gesto. Sem um grito. Na verdade, eu não queria pensar mais nisso. Há pouco…


  • Equívocos em série por culpa deles

    Depois de toda glória, é preciso voltar. Ao quarto íntimo, à janela escura, ao que seja seu e não seja a ilusão dos outros. Não posso negar que eu seja do tipo facilmente reconhecível, aonde quer que vá. Não por me conhecerem, obviamente, pois ninguém me conhece. Mas se vou a uma exposição, alguém que…


  • Vina entre os morcegos. Abertura

    Medina, seu santo sorriso. Não se aborrece com nada, não desconfia de nada. Nunca reagiu, nunca agrediu, nunca namorou. A maneira trágica, brutal e bizarra com que nosso amigo Delfino tratou de resolver todos os seus problemas e livrar-se do mundo foi confirmada por Medina em um de nossos desastrados encontros de rua. “Soube do…


  • Não fale grego assim comigo

    Quase ri de mim mesmo ao me lembrar disso. Cheguei a rir, na verdade. Senti vergonha e pena de minha ingenuidade. Via agora Vanessa e Copérnico, belos e saudáveis. Como poderia eu dizer-lhes que, além da viagem na memória, não se alcança o passado? Os dias são a nossa vida. Esse dia, nós três juntos,…


  • Sonho 3402. Voos noturnos

    Nossa casa, para efeitos noturnos, é um avião. Voando sobre certas regiões da Europa, podemos ver sinais dos festins das bruxas. Nossa casa, para efeitos mágicos, é um avião. À noite, depois de fecharmos tudo, a jovem nobre Dona Isaura de Bor e eu, depois de trancarmos a porta envernizada da sala, que separa de nós o…


  • Inexpressivo, impassível, sem graça

    Por não acreditar nas aparências mais do que devo, continuo um ingênuo como sempre. Enquanto isso, o mundo todo prossegue funcionando assim, por trás das aparências. Eu ainda absorvia a expressão tola de Copérnico enquanto orava, distraído como um demente, eu. Vendo-o em suas roupas novas, de fina confecção, tudo agradável e harmonioso, tive uma…


  • O homem importuno

    A chegada de Copérnico seria a grande deixa para eu me retirar. Mas o ódio que me atacava de repente cegava-me e prendia-me em mim mesmo. Ali estávamos, os três. Eu não podia acreditar. Que demônios do destino teriam arquitetado um encontro desses? Não, não. Blasfêmia. Foi Deus, só pode ter sido Deus. Algo assim…


  • Círculos sucessivos de imunidades

    O tempo que os contém, a esses homens e às suas opiniões, não é mensurável, embora pareça ser.O fato de estarem vivos transcende qualquer medição. E a existência humana não é um negócio. Estudamos os três na mesma classe do último ano. Copérnico Henrique Domingos Coelho dos Reis. Não, não é brincadeira. Tudo isso é o…


  • Um sonho fantástico, só o que podia ser

    Tudo que se enfia numa bolsa ou participa da vida de alguém acaba desaparecendo mais cedo ou mais tarde. Esse alguém inclusive. Vanessa demorou tanto e muito a encontrar um bloquinho de papel do qual destacou uma folha pouco maior que uma caixa de fósforos. Tudo dela parecia ser assim, minúsculo, para evitar-se dizer ridículo,…


  • Mulheres distraídas, visões proibidas

    Eu sempre ando com uma caneta no bolso. E sempre eu mesmo trato de desvencilhar-me de meus sentimentos sozinho, não há ninguém que me ajude ou que o faça por mim. Enquanto procurava dissimular, meio sem jeito e sem saber ainda o que lhe dizer em seguida, notei que ela ria mais do que antes,…


  • O que ela não queria era sorrir para mim

    Que espécie de cordeiros estariam hoje educando para que espécie de lobos? Mesmo assim, isso renovou minhas esperanças. Também não sei em quê. Mas parece que tudo passou. Para mim, pelo menos. Uma colega que leciona no curso noturno garantiu-me que “isso está superado, o ensino evoluiu, as coisas já não são mais assim…” Mas,…


  • O pequeno redator

    O professor calvo leu com ênfase esse trecho da velha, e os risinhos se multiplicavam, abafados. Minha nota zero quase comprometeu todo o bimestre. Apesar de tudo, eu esperava ser reconhecido pelas dissertações, talvez porque imaginasse ser capaz de bons resultados, no que eu acreditava então, já que nos esportes e em boa parte das…


  • Mais um pouco da maldita conversa bem-educada

    E por que aqueles passeios a cavalo e férias na praia…? – tudo tão irreal para mim. Ninguém sugeria que eu falasse de minha solidão, de meus estranhos sonhos… “Desculpe, me desculpe. Não me entenda mal. Acho que me exaltei um pouco. Não foi de propósito.” “Sei, sei.” “É que há muito tempo eu não…


  • Os poetas e escritores certamente morrerão envenenados

    De fato, por pouco não fui ao chão com cadeira, mesa e tudo. Isso despencou sobre mim como uma bomba. Então desatei a falar por culpa de minha solidão como se esses meus conceitos tão irrisórios tivessem alguma importância, falei-lhe que num mundo apocalíptico como o nosso e à sombra de Nostradamus num mundo que…


  • “De quem é isso?”

    Meus personagens são seus próprios inimigos. A realidade os aflige por serem eles o que são e não por alguma situação especial. Ela então me perguntou se eu já tinha lido isto e aquilo, romances épicos sobre os ciclos da borracha, da cana-de-açúcar, do café, da urtiga… Não tinha entendido nada, coitada. “Isso são livros…


  • Primeiras falas de um reencontro maldito

    Gostaria de confessar-lhe que sentia uma grata emoção por reencontrá-la. Que havia superado minhas estranhezas dos tempos de colégio, que a perdoava por tudo. Ela estava ali. Junto a mim e tão próxima, na plenitude de sua beleza, após dez anos passados. Eu mal podia acreditar. “Puxa…” De início, não sabia o que lhe dizer.…


  • Eu e ela em sintonia improvável

    Não havia mais ninguém no colégio, e já escurecia. Bastidores do pequeno anfiteatro, fios mal enrolados, máscaras sem uso. Foi ali. Tentei esquecer Vanessa movido principalmente pela realidade de minha condição, o que me impossibilitava sequer alcançá-la como mera colega de classe. Já não tinha mais esperanças nem articulava planos de aproximação: tudo se consolidava…


  • Distrações e desastres (mais ou menos) dramáticos

    O suicídio não é a solução, pensava eu erroneamente. Mas esse equívoco já tinha o efeito de uma sentença infernal. Minha coragem voltou. Agora eu tinha todo o tempo do mundo, e poderia redigir duas mil vezes a mesma mensagem até chegar à forma final, corrigindo-me e aperfeiçoando-me continuamente. E esta era uma frase que…


  • Dicionário negro

    Eu tinha certeza de que a natureza já me havia libertado da ignorância. E o combate intelectual é tão devastador quanto a batalha dos homens. Eu sabia que boa parte de meus colegas tinha um quarto só deles, além de um quarto de estudos. De qualquer forma, mesmo em um ambiente estreito, embora acolhedor, eu…


  • Melhor esquecer – mas não

    Não foi ainda minha última tentativa de alguma tolice. Por essa época, eu me havia iniciado em escrever cartas.. E Vanessa? O que pensaria de mim? Talvez isso a despertasse, talvez ela pudesse compreender os meus sentimentos. E isso instigaria suas divagações, aumentando assim minhas remotas possibilidades. Talvez não. Talvez ela passasse, então, a humilhar-me…


  • A fortaleza obscura de minha solidão

    Com um cofrezinho de joias, Fausto aproximou-se de Margarida: Vanessa não podia ser muito diferente daquela infeliz. Apesar de tudo, não conseguia deixar de investir em meus sonhos com Vanessa. Não conseguia esquecê-la. Só pensava nela – portanto, em mim. Senti que não podia esperar mais. E resolvi agir. Movido por um ímpeto de bravura…