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Tag: ficção
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Os mocinhos da matriz
Foram a uma cidade próxima, a trabalho, acompanhando um gerente que tinha muita esperança no futuro deles. (Ah, se ele soubesse…) As meninas da filial, que eles estavam a poucos quilômetros de conhecer, representavam, para alguns, uma agradável esperança. Para Danilo, certamente. Acreditava no destino, sabia que mais cedo ou mais tarde encontraria a mulher…
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Um dia, você abriu o jornal…
“Mas você a subestimava mesmo, não? Olha só, como ela era sensível! Puxa, acho que só as mulheres se entendem afinal. Essa das conchinhas… Estou gostando dela, cada vez mais. E se ela estivesse viva, eu estaria preocupada agora, me contorcendo de ciúmes.” Danilo sorriu com o cantinho da boca, vaidoso. Mas baixou os olhos…
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O segredo das conchas
“Não importa se você vai rir de mim, não importa mesmo.” “Ora, Ana, imagine…” Ela remexia a bolsa. Buscava uma coisa. Algo se prendeu, depois se soltou, em meio a algum ruído de chaves ou qualquer outra quinquilharia de metal.
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Todos nós, de vez em quando…
Cris e seus periquitos australianos. Eram dos pais dela, melhor dizendo. Ela morava com eles – com os pais e com os periquitos. Havia um grande viveiro na área externa do apartamento, que tinha o privilégio de ser no térreo. Cris convidara Danilo e mais uma colega a estudar inglês em sua casa naquela tarde,…
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Mas como isso começou?
“Mas como isso começou? Você, com a Ana Lúcia? Como começou de verdade? Quando vocês ficaram juntos e…” Liana esperava, de frente, olhava a boca e os olhos dele, alternadamente.
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A foto deles dos Beatles
Os Beatles também concordaram em expulsar um ou outro baterista, tudo em nome da estética, da arte, da posteridade, do sucesso. E porque, mesmo parecendo rebeldes, obedeciam ao empresário, seu patrão. Queremos ser como o americano (Presley), declaravam, pretensiosos. Queremos ser os palhaços do mundo. Querem ser todas as coisas.
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Arranjo para impedir Ana Lúcia
Solte essa arma, não faça isso. Não se vá, Ana, não vá embora, não vá. Não há destinos para todos nós. Não há destinos suficientes para todos nós.
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Eu, datilógrafo
Desde que pressionara, canhestramente, as primeiras teclas daquela antiga máquina de escrever… Bem, podemos tentar outra coisa. Essas nostalgias não poderão salvá-lo agora.
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Autorretrato 23 (curta-metragem)
Há algum tempo tive a grata satisfação de ver um dos meus contos adaptados à tela por Bruno Garavello, que roteirizou e dirigiu o curta-metragem Autorretrato 23
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Lemuel
A máquina de escrever? Funcionando sim, barulhenta e produtiva. Enquanto os colegas repartiam cerveja e conceitos efervescentes, ele os observava, observava por algum momento a si mesmo em meio àquilo tudo, ruminava: não importa o que eles dizem, todos os dias e noites vão passar, tudo isso vai deixar de ser, todas essas ideias e…
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O azul-âmbar do dia seguinte
Ciprestes escuros ou azuis, difícil dizer. Agitam-se com a ventania. Penso captar seus movimentos, mas estranhamente é também uma densa imobilidade o que equilibra sua fúria de labaredas, sua ondulação em busca de uma inércia maior.
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Dia após dia
Ainda que tentasse evitar – o que nunca faço – as ruas costumavam cercar-me de cenas avulsas, frases ouvidas por acaso, pessoas em movimento protagonizando os dias, todos os dias antes que viessem outros, outro tempo, outras gentes.
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Caminhavam mais lentamente…
Caminhavam mais lentamente, mãos nos bolsos, cada um, a seu modo, lutando contra a pressa e o hábito, uma resistência consciente e difícil. “De onde vem sua coragem? Você já pensou nisso?”
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Velhas novidades
De toda parte os caminhos pareciam convergir para conduzi-lo ao que fosse seu centro secreto, o que seria inverter as coisas: seu centro é que buscava realizar-se e se utilizava do que mais lhe acorresse ao redor. Como dizer algo assim aos seus amigos, para quem todos os bares eram apenas território de caça? Fala-se…
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Sua canção de enganar
Que lhe importam a Coluna de Trajano, as sagas contadas, gravadas em relevo, se sua vida é uma única peça, um único bloco onde se insculpem fragmentos com tudo o que lhe coube viver? E você sabe, como todos, que não pode estar antes nem depois da vida. Só aqui, em meio ao dia, tudo…
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Chegadas partidas
Ninguém fora despedir-se de mim na rodoviária. Nem era de se esperar, admito. Ainda assim, muito em segredo e contra o mais provável, até o último minuto eu supunha que algo diferente pudesse acontecer, são peças que a esperança nos prega. Dela, sempre fica algum ranço desse especial veneno, próprio a criar outra precária ilusão,…
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Meu colega triste
Mas eu era assim, analítico. Ou supunha ser. Observava tudo em meus colegas, naturalmente ou não. Certos dias houve em que me sentia tão aguçado, tão perfeitamente lúcido e desperto, que quase poderia apostar na iminência de alguma fulgurante revelação, em meio a um momento qualquer. Isso nunca aconteceu, claro. Só me ocorria comparar tal…
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Última chance com incêndios
As crianças que se perseguiam, de risos e vozes que eu assimilava como à distância, passaram entre mim e as chamas interrompendo meu estado de fixação involuntária. Que era isso? Uma maneira de concentrar-me? Distrair-me? Essa noite trazia algo de abandono. Meus olhos haviam perdido os contornos da fogueira em movimento, a nitidez das fagulhas…
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Mirna e a viking de tranças
De bruços na cama, eu acompanhava os esforços de Mirna das Selvas em suas aventuras solitárias, atento às expressões de seu rosto, tantas vezes ligado por uma trilha de pequenos globos brancos a um balão-nuvem no qual se organizavam espaços e curiosos sinais. Olhos cintilantes perdidos no horizonte das grandes clareiras. Brincos, braceletes de couro.…
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Preço justo
O que mais me admira no espetáculo do mundo, demarcado por longos estios e chuvas devastadoras, é esse inconcebível potencial de fugacidade e aniquilação, um sol escuro, nem benigno nem maligno, que a um tempo extingue e renova tudo o que existe, preservando a vida à custa de exterminar justamente os que vivem, com isso…
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Sete anos em Manhattan
Por vezes não sabemos por que fazemos algo. Mas um dia alguém descobre por nós. E quantos, como eu, não teriam buscado respostas para a vida? – o que afinal significa buscar respostas para si mesmos. Tenho a sorte de reter muitas lembranças, o que tanto me serviu quanto me prejudicou.