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Categoria: A seta de Verena
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Teu coração e teus tomates (trecho)
Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, julho 2019. “Acho que… você não viu este”, eu passando-lhe às mãos outro papel datilografado, com vincos já gastos pelas sucessivas dobras, rasuras de borracha, hoje mais aparentes conforme envelheciam, o papel tanto quanto as rasuras, sem falar no poema ele próprio, tudo porque eu já não…
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Quando se olha por uma janela…
Mas o tempo passa, as coisas passam, e as pessoas deixam de existir.A vida ocorre somente neste momento em que escrevo e conto. Quando se olha por uma janela e se observa o mesmo panorama, com os mesmos recortes de telhados, através dos mesmos vidros, por entre a mesma moldura, tanto no dia de ontem…
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Lançamento: A seta de Verena (2a. edição)
O romance está sendo relançado, com nova diagramação, após a boa acolhida da primeira etapa dessa aventura editorial. Além da satisfação em ver a continuidade desse livro junto ao público, fica também a constatação de que uma boa história sempre envolve o leitor nesse outro mundo, que é o nosso, conduzido pelas surpresas da ficção…
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A seta de Verena – Guia de leitura
Capítulos Parte 1. Introdução. O fim (e seu avesso) 1. Guardo-o como quero 2. Meigos pastores, secretos assassinos 3. O fim (e seu avesso) 4. Duas linhas, literalmente 5. O Arsênio da editora circular 6. Meu amigo poeta-patriota 7. Consumação mínima 8. Beckett lhe dá as boas-vindas 9. Dilemas inofensivos, obsessões horrendas 10. Bom dia,…
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Nada dos bolinhos mágicos
A chuva fina e constante acalmava-me, como se me afagassem a mente seus ruídos ancestrais e repetidos ao infinito. Despertei à chegada de Mônica, a cópia da chave que eu lhe dera girando ruidosamente na fechadura, a porta rangendo ao abrir-se. Sentei-me na cama, ainda enrolado no cobertor. Ela trancou a porta por dentro. Parecia…
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Sob a mira da arqueira real
A neblina glacial e a fumaça escurecida, escapando de chamas invisíveis, misturavam-se no espaço. Então, em meio a tudo… Ainda nos degraus da escada, podia ouvir os poderosos acordes da Grande missa em dó menor, que alguém teria enfiado no aparelho. O casal de crentes! Só me faltava essa. Eles estavam sentados em minha cama,…
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Depressa, o senhor não vê que eu estou fugindo?
Que ao menos me sirva de lição. Minha única ficha, único tempo, minha única vida. Não posso parar agora. Tudo começou pela manhã, quando um dos pensionistas gritou-me, lá de baixo: “Cartão!” Era uma carta. Desci para pegá-la, voltei ao quarto. Rasguei o envelope, e meus olhos tremeram ao decodificar num relance as primeiras frases.…
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A tentação de fraudar a própria história
Publicaram uma foto sua, cabeça ligeiramente torcida, fundo de estantes, em que se realçava, antes de tudo, a altivez afetada dos que se sonham gênios ou gigantes, e no fundo não passam de alongadas sombras de anões. A notícia da morte de Glauco Pinheiro de Pádua apanhou-me de surpresa e pôs-me estarrecido. Julguei que ele…
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Propenso a fragmentar-se
Até hoje, a literatura é uma maneira de desenvolver essa minha mesma miopia. Mas não sou um obcecado. Todas as artes me atraem, especialmente a música. Elevei ao máximo o volume do aparelho para ouvir a “Grande missa em dó menor”, de Mozart, não para fugir à realidade, mas para experimentar o caos. Toda espera…
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Por favor, esqueça essa bobagem
– Tenho certeza de que já vi você antes. – Pode ser. Sim. Pode ser. Não sei. Nunca se pode ter certeza. Por um instante, como há muito não me acontecia, senti um pico de ansiedade, quase uma crise de desespero. Sabia que, se não tornasse a encontrá-la, teria uma longa noite de agonia e…
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Fantasias da razão
A livraria parecia lotada, mas o que havia, na verdade, era pouco espaço, daí a impressão. Verônica sorria entre umas amigas suas. Um rapaz de minha mesma altura, barba e óculos redondos. – Na sua opinião, por que o povo lê tão pouco? – Porque os textos não são interessantes. Porque não somos interessantes. “Do…
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A arte é o cristal – o resto é a vida
Em contrapartida às situações fortuitas que caracterizam o acaso das vidas humanas, inferi que a arte poderia ser a linha reta que corta, feito uma seta, os círculos do tempo, principalmente o labirinto de nosso século, infestado de burburinhos e mediocridade. A arte é o cristal. O resto é a vida. Será? A meu amigo…
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Livre para fracassar
Mônica me preocupava, como já disse. Escapava ao meu controle. Falava por si mesma. Quarto de pensão. Mônica sentada na cama, eu andando de um lado a outro. “Por que não se dedica a uma causa?” “Causa? Que causa, como assim? E por que faria isso?” “Há pessoas que se encontram, se realizam e até…
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Não posso deixar que ela leia isso
Eu não sabia o que dizer. Considerando seus olhos em lágrimas, os lábios mais inchados e bonitos, voltou-me à memória a manhã de chuva em que nos conhecemos. Eu escolhia verduras com grande dificuldade, ela se aproximou sem que eu percebesse. Ela estava ainda de avental quando cheguei ao apartamento. Ia sorrir, mas viu que…
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Outra Plath: algo das raras imagens de Sylvia
Olhei para ela, muito interessado. Era incrível que lembrasse e dissesse coisas assim. Com os cabelos que usava por esses dias, assemelhava-se cada vez mais às raras imagens de Sylvia Plath. Sem a ajuda do patife que ela conhecia, acabei fatalmente diante do triunvirato inquisitório que seria a última etapa de meu destino até então,…
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Outro Hugo: sensível e teimoso
– Tudo bem, tudo bem. Não vamos falar nisso agora. O seu vício de metáforas e associações, como sempre. Você é incapaz de ver uma simples vassoura sem pensar que o tempo vai varrê-lo do mapa ou algo assim. – E você acha pouco? Hein? Abro a porta para Mônica. Ela usa um vestido insinuante…
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Antes que o dia em questão me encontrasse
Recordava a entrevista, que desastre tudo aquilo! Eles precisam de um redator profissional, isso é horrível. Eu acabava de perder o emprego. Saía do escritório para as ruas, pela última vez. As ruas de verdade, nada metafóricas. Durante muitos dias, errei pela cidade, ainda sem noção do que faria em seguida. Chegava a passar tardes…
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Querida, eu posso escrever tudo
Rodolfo tentava recompor-se, em vão. Lorena cobria os seios com os braços, enrubescida. Andressa, com uma calma maquiavélica, apanhou o telefone sem tirar os olhos de ambos. Cena seguinte. Rodolfo em sua casa, com Lorena. Lorena perguntou: “Tem certeza que ela não vai voltar mais cedo?” “Claro que tenho”, respondeu Rodolfo. “Fique tranquila. O cabeleireiro…
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O inverno segundo teu semelhante
Em um mundo onde as coisas tendem à dissolução, onde o tempo e a morte minam o rosto das pessoas e as arrastam em seu torvelinho cotidiano de estranhas situações, no meio de tudo, um menino pede socorro. Não há nada e nem pode haver algo mais caro ao ser pensante do que a vida.…
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Américo Cabral assombra em vida
Diógenes pensa: a morte é um castigo? Ou um prêmio? Não, não. Pare, vamos parar tudo. Tudo, agora mesmo. O que é isso? Mal o assassino aparece, começa a filosofar? A bárbara violência sexual de que fora vítima Virgínia Morais O editor pediu-me pelo menos um crime ou uma cena de sexo ardente. Pessoas que…
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Por onde as pessoas vivem…
Sonhei certa vez que encontrava, na caixa de correspondência, entre a profusão de papel picado, todas as cartas que enviara no decorrer da vida. Nada muito significativo. Apenas mais um pesadelo. Cartas que lhe escrevi foram destinadas a mim mesmo. Sonhei, certa vez, que encontrava, na caixa de correspondência, em meio a uma profusão de…
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Modelos de cartas inúteis
Entendo a morte, quase a aceito, como indivíduo, cidadão e animal. O que não deixa de ser notável, pois os animais não aceitam a morte. Sobre a paz e a justiça que você menciona, creio que a inteligência, e não o amor, é o que pode salvar a humanidade. As necessidades e conflitos que movem…
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Autocondenação e conflitos continuados
Não há conclusões, mas continuidade. Nenhum conflito encontra seu fim, mas permanece para o decurso de outras vidas. O JOVEM QUE LÊ. Incluir alusões gráficas a frontispícios. Talvez festões. Isso! Bordaduras, volutas… Não, não exageremos. O jovem que lê, dar-lhe nome, desencadeia, com suas leituras, a morte, em circunstâncias misteriosas, dos autores. Os mais antigos,…
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Mais um papel contra o vento
O mais é o dia de sol. O dia de sol. Acho que já senti isso antes. Uma sensação incômoda é ver que todos continuam seu afã cotidiano enquanto se está praticamente fora do círculo por algum motivo. A vantagem desse tipo de serviço são essas sessões e encontros em que se praticam diálogos ricos…
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Três dos muitos senhores do mundo. Parte 2
Ainda tremia um pouco. Mas não gaguejava e tive orgulho de minha pequena coragem. Por pouco eu não lhes implorei que acreditassem em mim, que não pretendia ironizá-los, nem me atreveria a tanto, mas, ao contrário: eu sim fora surpreendido por essa afirmação insólita, para eles tão natural. Então eu disse, quase num repente, não…
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Três dos muitos senhores do mundo. Parte 1
Era quase inteiramente calvo, ombros contraídos, e mais velho que seus comparsas. Pareceu-me vagamente conhecido, mas sua fisionomia tremulava em minha memória como aquelas palavras que nos escapam por muito tempo e ainda se mostram cinzentas, mesmo estando próximas à claridade da consciência. Eu estava diante de uma mesa de grande porte, atrás da qual…
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Conquista-me ou te destruo
Impressionava-me que todos parecessem satisfeitos consigo mesmos. Sempre sendo apenas o que eram, sempre um patamar abaixo do possível, sempre o medo de descobrirem sua força. Minha situação na Leôncio & Barradas Advocacia Ltda. não andava nada bem, depois do incidente mais grave, especialmente quando me ocorreu revelar, de uma vez por todas, ao doutor…
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Com Sylvia, em delicada decadência
Tudo o que eu escrevia sobre ela dava-se em segredo. Sob a proteção do silêncio e da mentira, para que ninguém o pudesse ler em meus olhos o absurdo de estar apaixonado. O ônibus teve de parar, logo ao deixar o ponto, a pedido de uns que alertavam o motorista: o que estava acontecendo?, perguntavam todos,…
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Nada que não seja a vida
Não há prazer maior que a inteligência. É o privilégio de pensar o que dissolve os deuses, restitui-me os olhos, faz de mim um homem. Já pensei que o certo era trancar-me no quarto e escrever algo belo. Já pensei também que o certo, mesmo, era deitar tudo isso fora e viajar, viver com mulheres.…
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Sinais claros de estados obscuros
Assim, talvez, foi que minha querida Sylvia compôs sua canção da jovem louca. Fecho os olhos e a ouço escrevendo a mim: querido, por favor, não enlouqueça. “Por favor…”, disse educadamente a mulher grisalha de rosto rosado. “Pois não”, respondi cordial, retribuindo-lhe um leve sorriso. Assim eu atendia os clientes que porventura se aproximavam de…
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Senhores de tudo (e agora abençoados)
E tudo se passa com tal naturalidade que nem mesmo os poetas se incomodam mais. E fazem versos sobre a nudez dos que amam, a sensualidade dos corpos, a solidão da alma e o antigo fato de não saberem quem são. Os bens da Terra, maiúscula mesmo, que é todo o planeta, e até agora…
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O otimismo dos honestos
O boato sobre a/o amante do doutor Aguiar, juntamente com os/as possíveis clientes envolvidos nas fraudes, já havia chegado ao Iraque. Paralelamente, corria a suspeita de que os tais documentos não assinados referiam-se a uma mesma pessoa, usando nomes falsos, chegando a se supor que havia ali algum envolvimento de uma eventual amante do doutor…
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Acesso irresistível
No fim, nunca soubemos o que lhe havia causado aquele acesso. O fato é que ele nos contagiou, nos pôs felizes por alguns minutos, irresistivelmente felizes. Por algum motivo, a rotina burocrática andava confusa, talvez o acúmulo de trabalho e o esgotamento natural, decorrentes de tais esforços contínuos, minassem o condicionamento dos funcionários, assim prejudicando…
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Sem ação, sem reação
Mas não era difícil ver que eu andava abatido e indiferente. Nem o tombo do Expedito me havia entusiasmado muito. A única coisa diferente que me lembra haver marcado um desses dias foi quando o Heitor Expedito despencou da escadaria, logo após haver dito ao doutor Aguiar que num instante lhe traria uma tal pasta…
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A edificante manutenção do tédio
Nunca tantos me aborreceram tanto em tão pouco tempo. E eu, que punha em dúvida minhas próprias opiniões, já não podia mais que desprezar as deles. Pradinho queria saber de minha volta à cidade. Atirei-lhe uma ou duas palavras que deveriam bastar, mas não: ele aproveitava tudo. “Não é todo mundo que suporta esta cidade.…
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Muito, muito desconfiados
“Quem irá controlar os mercados, as fusões, as evasões de capital, os destinos dos que trabalham? Quem será que vai nos esmagar?” Todos desconfiavam de minha sanidade mental. No mais, levando-se em conta as graves crises sucessivas que atravessam a nação, naturalmente meus colegas vivem tentando explicar por que vai tudo sempre tão mal, contando…
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Não gosto que me chamem assim
Eles perderam a graça de vigiar-me. E me olhavam feio. Mas quem ia perdendo as graças de qualquer maneira era eu, sem dúvida. Fim das férias. Os primeiros dias de serviço foram menos repugnantes, mais suportáveis do que eu previra. A começar pela nissei que atravessava minha manhã, sempre vinda da estação do metrô, sempre…
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A primeira história mágica interrompida
Em outra fase conheci o fim da história. Antes não o soubesse: a duração desse enigma era motivo de eu estar vivo. A primeira vez que me lembra ter ouvido uma história deu-se, magicamente, em uma noite de chuva, e eu não estava em casa. Ao redor da cama, fazíamos um aglomerado de crianças curiosas…
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Onde não havia palavras
Não me lembrava qual rei secular ou general antigo havia atravessado qual fronteira. Mas queria muito saber por que tudo aquilo havia desaparecido para sempre, após tantas desgraças. Nada mais intencional terá melhor resultado em nossos dias, aliás, bem pouco pôde ser feito desde que Machado, nosso feiticeiro-mor, e desde que Augusto, cientista das sombras,…
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Mal dessas idades…
Eu me defrontava com trechos de outra profundidade. Sentia percorrer-me um arrepio singular, do fundo da existência. Mal dessas idades é estar sempre esperando. De outras também, ou será mal de todas as minhas idades, meu próprio mal transcorrendo ao fundo de todos os dias, caso eu o admita de uma vez, essa ingenuidade de…
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Versos versus mundo
De um lado, as palavras (que podem mudar o mundo). Do outro lado, o mundo. Que não tem nada a ver com as palavras. Eu alugava um pequeno apartamento que Verena ajudou a transformar. Não só com objetos. Não só o apartamento. Foi ela quem me incentivou a deixar os cabelos compridos e a prendê-los…
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Adeus, Águas Claras
A chuva que caiu à tarde antecipou nossa partida em um dia.Romão dirigia um velho sedã de interior espaçoso. Verena ia ao seu lado. Que não se depreenda de meus escritos um clone de minha pessoa, aparentemente humano, mas sem sangue, sem carne, propenso a desejos metafísicos mais do que a desejos naturalmente mais intensos…
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O gineceu reconquistado
Nem sempre sabemos ao certo o que buscamos. Mas é algo que os covardes fingem ter encontrado para nos manter próximos de seus limites. Noite de lua clara. Romão, Cândido e Clemente iam ao concerto. Eu queria apenas estar sozinho, longe do som infernal que se espalhava pelo descampado, que parecia irradiar-se pelo mundo. Com…
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Por que deixar rastros?
A vida é sempre uma transição, mas em alguns casos isso parece mais intenso. Os poetas já nascem derrotados, vencidos por uma realidade que impera contra sua sensibilidade para ninguém. Mais um dia pela frente. Nada para fazer. Cândido e Clemente queriam ver o rio ainda uma vez, antes de partirem no dia seguinte, não sei…
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Mais uns dias, por que não?
Uma intensa sensação de alívio supondo-se que nossa vida tenha se cumprido. Porque nada precisa de nós. Nem as maiores instituições do mundo, nem os grilos mais próximos. Não fui ao concerto nessa noite. Tentei escrever à luz de uma lanterna, mas não pude concretizar um verso sequer. Suspirei desanimado, cansado mesmo, não só desse…
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Truque bem-educado
Eu não queria admitir, mas sua proximidade me incomodava, acelerava-me a pulsação. Por motivos óbvios, digamos. No dia seguinte, ainda com Verena na cabeça, tentei escrever um poema. Até consegui terminá-lo. Mas ficou espichado, redundante, uma chatice. Não dava vontade de ler mais de uma vez, como ocorre com os bons poemas. Eu me propunha…
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Uau!
Quando ouvi a palavra, o código, as sílabas mágicas que me abriam seu nome, foi como se ela toda florescesse. Quando só há imagens é porque não encontramos ainda as palavras. O chá-mate escurecido, nunca o bastante que mesmo a manhã de nuvens não pudesse tornar claro, produziu um efeito extraordinário sobre meus sentidos. Eu…
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Qualquer coisa morna
Ela tinha os olhos claros, vivos e brilhantes. Parecia inteligente, além do mais. E a beleza, como a inteligência, também assusta. Pela manhã, ergueram uma barraca em frente à nossa. Um grandalhão de barba e cabelos negros, curtos. Um rapaz magro mas musculoso, loiro de cabelos escorridos, corpo rígido, bermuda desfiada. Uma garota clara, robusta…
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Fraudes por uma boa causa: a minha
Começou então uma espécie de questionário detalhado, ao qual eu ia respondendo com uma enorme fingida inocência. Com aquela cara que só eu sei fazer nessas horas. Saturado. Férias vencidas. Não aguentava mais ouvir falar em processos e tinha saudade das balanças. Caí doente, gripe demolidora, febres avulsas. Telefonei para explicar-me, tive de ouvir mais…