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Categoria: Romance
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Como cães farejadores
As infâncias parecem não envelhecer nunca. Júlio repassa retratos antigos: ali estão seus pais, seus tios e primos de seus pais, todos ainda crianças. Hoje, essas crianças não existem. E aquele mundo que as cercava, que era tudo, magicamente desapareceu. “Ei, moço!”, a mulher de rosto redondo e dentes irregulares, de sua barraca de bijuterias,…
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Treze descuida-se de um segredo
E como parecia desde o início acertado entre eles, com um mínimo de palavras e quase secretamente, seguiam em busca do lugar onde ficassem juntos, isolados dos que nada confessavam em diários íntimos. Dos que não se importavam com o registro. Dos que não precisavam saber… Alcançaram a larga avenida, de tráfego rápido e bem…
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Uau!
Quando ouvi a palavra, o código, as sílabas mágicas que me abriam seu nome, foi como se ela toda florescesse. Quando só há imagens é porque não encontramos ainda as palavras. O chá-mate escurecido, nunca o bastante que mesmo a manhã de nuvens não pudesse tornar claro, produziu um efeito extraordinário sobre meus sentidos. Eu…
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Treze pode continuar
Depois do que Bruno lhe dissera, ou tentara lhe dizer, ele a examinava com redobrada curiosidade, como tendo à sua frente a encarnação de alguma dissimulada feiticeira ou de uma misteriosa criatura mítica, influenciado por uns adereços, colares e pulseiras étnicas. Ruas obscuras, postes de lâmpadas anêmicas… – não terá sido um artifício romântico demais…
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Qualquer coisa morna
Ela tinha os olhos claros, vivos e brilhantes. Parecia inteligente, além do mais. E a beleza, como a inteligência, também assusta. Pela manhã, ergueram uma barraca em frente à nossa. Um grandalhão de barba e cabelos negros, curtos. Um rapaz magro mas musculoso, loiro de cabelos escorridos, corpo rígido, bermuda desfiada. Uma garota clara, robusta…
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Treze, uma abelha assassina?
“O que então? O que eu tenho a perder? Ela é algum tipo de maníaca, alguma abelha melífica, vai me assassinar depois de nos acasalarmos?” Bruno percebeu que ele já declinava a seus exemplos exagerados e obsessivos, próprios das situações em que não pretendia voltar atrás. “Você vai o quê?”, Bruno e seu cigarro pela…
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Os três patetas sem violência
Algumas latinhas nos puseram a pique. Dormimos com os cobertores trocados, nas posições mais incômodas que se pudessem conceber em uma barraca daquelas. Mais dois nomes, vá lá: Cândido e Clemente. Esses dois… Cada um deles, como dizem, uma flor de pessoa. Cândido Rosário Cruz e Clemente da Trindade. Identificavam-se comigo, porque também eu era…
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Ana, Dulce, Treze, Cátia…
Já perdia quase inteiramente a convicção, durante tanto tempo alimentada por seus colegas de estudo, de que era intelectualmente bem-dotado, o que eles confundiam com muito interessado. E suas perspectivas haviam declinado a um estranho silêncio. Ana. Em meio à minha incapacidade para romper o tédio, minha quase imobilidade completa, algo como se a inércia…
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Fraudes por uma boa causa: a minha
Começou então uma espécie de questionário detalhado, ao qual eu ia respondendo com uma enorme fingida inocência. Com aquela cara que só eu sei fazer nessas horas. Saturado. Férias vencidas. Não aguentava mais ouvir falar em processos e tinha saudade das balanças. Caí doente, gripe demolidora, febres avulsas. Telefonei para explicar-me, tive de ouvir mais…
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Um segredo, entre outros
Sempre observara detalhes e minúcias, à maneira de um estrategista. Sempre tivera a impressão de estar sendo enganado. No intervalo de almoço, repassar sem compromisso as estantes de discos das lojas. Procurar um livro com a ajuda sensual de uma vendedora a quem aparentemente também corresponda algum interesse. Encontrar com grande prazer um objeto sob…
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Paradoxo do registro e do esquecimento
Somos todos muito exagerados, não vê? Não temos essa importância toda. É tudo muito rápido. “Você vai escrever sobre nós?” Homens e mulheres, meus colegas de escritório. Todos à minha frente, mais ou menos juntos. Mais ou menos quietos. Mais ou menos tristes. “O quê? Escrever sobre vocês? Por que faria isso?” “Pela eternidade.” “Para…
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Coelho, uísque e gelo, sonatas de piano
A música parecia esgotada. Bach e Mozart foram deuses. Crianças-prodígios, nasceram gênios. Beethoven foi muito maior. Ele era um homem. E tornou-se um deus. Pablo e Cândido os espreitavam, tão logo percebiam o ruído das chaves, o rápido rangido na porta de entrada. Mesmo habituados aos novos moradores, ainda lhes dispensavam uma discreta curiosidade, enquanto…
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Ácaros e outros micro-organismos
Quem o visse quase comovido um minuto atrás não poderia crer que fosse a mesma pessoa. Assim como quem o visse menino, arrastando seu caminhãozinho de madeira. Por bem pouco, o serviço não escapava ao meu controle. Algumas interferências ocasionais e detalhes de meu próprio esquecimento faziam de minha mesa um espaço confuso, de documentos…
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Agenda de não-planos
Talvez estivessem todos procurando voltar.Talvez não avançassem, como fazia supor a realidade. Talvez não viajassem ao futuro nem as agulhas apontassem o norte. Júlio questionava, embora não o agradasse, o que fazia ao lado de um tipo displicente como Bruno, dividindo com ele um determinado endereço. Fora isso, sacrificando cada dia pela continuidade de…
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Camelos, dromedários e o melhor de um mundo pior
Mas não importa a época, nunca podemos escapar a um mundo pior. Nada parece impedir que os governantes exerçam, renovem e aprimorem suas intenções. É preciso que se diga: há escravos e escravos. Não se deve padronizá-los, como a ninguém, afinal eu também fazia parte desse rebanho, registre-se. Há tipos distintos, há asnos descontentes e…
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O número zero e as dez mil coisas
As conquistas humanas primeiro impressionam pelo desafio aos limites. Depois nos cansam como se tudo fosse apenas uma alegoria, uma amostra do que éramos capazes… Não sabe o que pensar? Ora, não é o fim de tudo. Conheci poetas que nos aconselhavam a não pensar, eles próprios passaram a vida pensando, pensando, pensando… Outros houve…
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Episódios de minha desastrosa inclusão social
Mas sempre alguém me chamava de volta ao assunto na mesa que nos servia. Perguntavam o que pensava eu de certas notícias, eu ia mentindo como podia, claro, para contentá-los a todos. Já disse que o teto era baixo e opressivo. O sanitário masculino não dispunha de vitrô ou de qualquer saída de ar, por isso…
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O meio-dia cinzento
Sentia-se outro, a partir do nada. Fazia daquela chuva uma referência gratuita para ser agora e à frente, para tornar a viver, prosseguir sem qualquer passado. O meio-dia cinzento do intervalo de almoço trouxe a chuva de surpresa que os forçou, a Júlio e aos outros, aos cidadãos desse dia, ao refúgio sob toldos e…
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Se é que eu suportava alguém…
Nessa época, eu imaginava (quase sem querer, juro) algumas de minhas colegas passeando pelo escritório seminuas. Bem, bem. Coisas de primatas. Eu comecei motivado, entusiasmado, por que não? Atendia clientes ao balcão, dedicando-lhes o máximo de atenção e simpatia, conforme eu mesmo me aguentava. A assistente do doutor Aguiar, aquela que eu disse que poderia…
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A grande notícia trágica
Enquanto isso, uma conclusão se desdobrava em outra, entre tantos como ele ao redor e à luz dos olhos de cada um. E sempre essa viagem se repetia. E sempre havia gente nos vagões. DIRIJA-SE À PLATAFORMA OU ACESSO MAIS CONVENIENTE ORIENTANDO-SE PELAS PLACAS DE SINALIZAÇÃO. No metrô, também se comentava a notícia mais chocante…
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O escravo se diverte
Não posso negar que alguma vez também palpitou em mim um tesão de esperança pela mascote do escritório. Mas ela era tão magrinha, enjoadinha, irritadinha… Beethoven acreditava que os seres humanos eram todos iguais. Beethoven! Para estragar tudo, basta citar o senhor Antão de Almeida, que, mesmo tendo sido um crápula mesquinho e oportunista durante…
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Algo entre dois silêncios
Desde o começo, eu vinha tentando evitar que isto parecesse triste ou trágico, não sei. Tenho lido pouco, pouca coisa ou quase nada tem despertado minha atenção. Nessa mesma noite, ouviram um grito. Algum edifício próximo, quem sabe. Júlio acordou primeiro, foi à janela. Bruno praguejou, protegendo-se com o travesseiro, logo voltou a dormir. Um…
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Esses homens…
O doutor Aguiar, notadamente um homem de talento. Podia passar da austeridade ao afeto, com pessoas diferentes, claro, como se acendesse uma lâmpada. Primeiro dia. O doutor Aguiar recebeu-me com tal disposição e tanta cordialidade que eu quase me convenci de seu caráter humanitário. Mas logo pude ver-lhe o fundo da alma, ao observar sua…
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Bruno, o fantasma, e a medusa e…
Toda juventude, todo desejo e sua respectiva consumação, todo encontro e encantamento, toda intimidade, experiência e êxtase estejam submetidos às mesmas leis de ausência que atravessam toda atualidade. Parece incrível. E é verdade. Bruno não tinha vinte anos quando deixou sua cidade. Uma de suas últimas aventuras quase acabou por envolvê-lo em sérios apuros, porque…
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Eu era um adulto agora
Não estava apenas vivendo e passando pelos dias, como todos os que trabalhavam comigo. Eu não era um medíocre qualquer, era um medíocre especial: eu tinha um plano. Eu era muito jovem, não foi o que eu disse? E apertava a mão de todo mundo. Meus cabelos eram aparados à americana, e todos podiam ver…
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Adeus, Júlio Dias
O tempo, em minha crença precária, era vinculado às distâncias e não tinha estas garras a arranhar-me os olhos. Estas unhas nervosas sobre o meu rosto. Choveu o dia todo em que eu parti. Como a servir de fronteira entre duas fases de minha vida, a chuva fina insistiu em molhar todas as estradas, sem…
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Das balanças à justiça: o cego era eu
O doutor Aguiar apresentou-me aos colegas. Naquela época, eu apertava a mão de todo mundo. Antes de conseguir emprego como escriturário, eu já havia sido escravo numa fábrica de balanças. Uma firma antiga, dessas que ostentam logomarcas comemorativas por 50, 80, 300 anos sem falir, e nas quais se lê algo como: meio século de…
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Por sorte, tudo imperfeito
Vertigem da lua alta que não inspira, ar insuficiente. Respostas talvez encontradas, outra vez perdidas no sempre de minha breve viagem. Tudo era antes, enquanto. Eu é que cheguei. Você também, claro. Entende agora quando digo vertigem? O cemitério abandonado, degraus em ruínas por sobre os quais passeia um luar sem cânticos. Sonho com lugares…
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Pateta
Abracei-me ao Pateta. Chorei por ele pela primeira vez. Compreendi que não havia chances para uma criatura tão inofensiva e sem forças. Aconteceu-me encontrá-lo por acaso, junto ao rio. Três garotos carregavam um saco que se mexia. Perguntei, e um deles afrouxou a abertura para que eu visse parte do dorso de um animal imundo…
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A tudo, faltava um algo
Quem visse a fachada desse prédio animava-se com uma puta boa impressão. Mas a maioria das empresas é assim, com jardins que nos convencem. Eu trabalhava como escravo num escritório dito de advocacia, mas por onde circulava toda sorte de documentos e barbaridades. Nos primeiros dias, tentava familiarizar-me com a ideia algo incômoda, meio nebulosa,…
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Marcas de gentis predadores. Abertura (O jogo que ele não quer mais)
Contar o pior. Será que ela quer saber o pior? Quase sempre, saber o pior é saber a verdade. Quem quer saber o pior? “Por que você ainda quer saber sobre ela?” “Por que não? Fico curiosa.” “Sobre a morte dela, quero dizer.” “Por que não? Quero saber. Só isso.” O entendimento entre a claridade…
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Não são fotos como as outras. 3
Por toda parte, as coisas continuam acontecendo pela única vez. Pouco antes do fim da tarde, os inválidos vão desaparecendo, resguardando-se da noite. As calçadas ficam vazias, e ninguém mais precisa ter piedade. Ainda um guardião (com certa persistência ao longo de outros dias) Assim como os mendigos e os inválidos, o homem do realejo…
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Eu, um mentiroso crônico
Perdi oportunidades. Rompi contratos. Sempre fui inoportuno e desastrado, porém, estranhamente, essas perdas nunca me incomodaram muito. Sou o que ninguém quer ser Tornei-me um mentiroso crônico e devo isso a Verena. Foi ela quem fez esclarecer parte de minha aversão pelos meios literários, acadêmicos e outros de rotina não menos aborrecida. “Você é ou…
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Fria manhã dos que se procuram
Era uma fase confusa, como a de todo mundo nessas idades. Pensei seriamente em estudar, mas, por essa época… eu já era triste. “Gosto muito de andar assim com você. Conversando…” “Também.” Braços dados, por causa do frio. Os cabelos dela oscilam, sobem e descem pouca coisa, a cada passo. Retraindo o queixo, ele sopra…
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Não são fotos como as outras. 2
Afinal, todos nós nos consideramos especiais e eternos, só o tempo sabe que não o somos. Viver é difícil, velha novidade. E aqui estamos todos. Arautos do fim dos tempos O mulato de bigodinho grisalho, terno escuro, bem passado, agourento, discursa agitando a bíblia que reabre periodicamente, vociferando, entre aleluias, ameaças e pragas coletivas. Parece…
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Um último projeto em ruínas
Nessa mesma noite, fiquei pensando no fato de ele estar morto e de ter sido alguém, assim ter vivido, viajado, dormido e copulado, como eu. Acendi um cigarro. Arnowitz começava a me impressionar. Logo compreendi que não estava lidando com um homem comum – isto é, não apenas um estudioso de renome, um erudito de…
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Borboletas com relógio ao fundo
O personagem deve manter o leitor dividido entre o riso e a piedade. Bons personagens são os que manipulam e confundem. “Bercedes!”, gritou a velha. “Bercedes!” A moça chegou em seguida, trazendo-lhe o chá. Desde que fora trabalhar naquela casa, Mercedes passara a renunciar a certas Técnicas esgotadas. Truquezinhos baratos. Que tédio. A morte não…
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Não são fotos como as outras. 1
Sol e moedas brilham. Dia de intensa claridade. Nunca o bastante para atenuar-lhe a escuridão. Tome. Não são fotos como aparentam à primeira vista. Trago-as também em minha memória de palavras. Sei o que lhe ocorre, isso de um quadro e mil palavras, vá lá. Não, nunca foi assim. Se eu nada dissesse, você se…
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Era ela, a minha maior inimiga
O jogo maior deriva do plano inapreensível que os homens menosprezam e evitam, mas que os vencerá a todos: o tempo. E o tempo, queira ou não, tudo atravessa. Ao que interessa. Minha incontida necessidade de expressão decorre de minha tremenda dificuldade em compreender as coisas. Não só isso. Algumas vezes não se tem ainda…
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Triste do mesmo jeito
Minha cabeça só ficou nisso o dia todo, o tempo todo. Tudo em que eu pudesse pensar acabava subvertido pela possibilidade de encontrar essa figura apaixonante e vulgar que era… ela. “Que problema vocês têm com isso! Diz que ama, é tão bom. Te amo! Te amo muito! Tão bom dizer isso…” “Sei. Ela não…
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Dona Norma e o último Coelho
São apenas histórias. Pouco importa sejam verdadeiras, o que vale é que sejam contadas e que alguém se identifique com elas. Nem isso, nem é preciso tanto. Como todos os que contam, também corro o risco de me perder. Houve da parte de Júlio um esforço diplomático para convencer dona Norma a aceitá-los como inquilinos,…
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Chora, menino
Que estranho caminho para um pensamento. Que bobagem. Ainda bem que eu não falava isso em voz alta. Um grande ponto de interrogação montado com pedras, cortadas geometricamente, como pequenos tijolos. Logo abaixo da lápide. Era a parte superior, exposta, de uma sepultura que ele lembrava ter visto em algum cemitério da região, alguma cidade…
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Persistência dos labirintos
Eu finalmente parecia ter encontrado um quarto. O que em princípio me impressionou foram os estranhos ruídos que… Escrevo movido por desesperados ideais de busca. Obstinação, é certo. Há gestos imensos na tentativa de compor cada trecho. Acima disso, a morte e a indiferença humana. Alguém se interessa? Teseu executa o Minotauro, com isso dando…
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Espirais desnecessárias
Predadores e presas, um jogo de forças, mesmo que não o percebam. Mesmo que não o admitam – e mesmo que usem tantas vezes a palavra amor. “Depois eles encontraram a Ana. Digo, encontraram o corpo dela. Eu contei tudo: disse onde tinha jogado, por que tinha jogado…” “Por quê? O que você disse a eles?”,…
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Quita, a estrela distorcida. Bruno, mal resgatado.
Com o tempo, nós nos perdemos de vista. Até nunca mais nos vermos. Eu sim, revi seu rosto em sonhos que me fizeram sofrer. Estela, desde o início, me lembrava Quita – a expressão de seus olhos atentos, ela que talvez fosse minha primeira namorada se de minha parte se houvesse consumado o beijo que…
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Júnia
O caso era o mais antigo do mundo: a atração entre um homem e uma mulher. O caso eram eles. Encontros são carências. Júnia é o estopim de uma bomba. Mas Danilo não sabe disso. E segue, como todos. Não pode prever o futuro. Tem de se arriscar. Se quiser encontrar o amor. Se…
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Retomadas e recaídas: de volta ao baile de máscaras
Pouco me importava ter nascido no passado ou no futuro, pois estaria sempre no presente. O que, principalmente, realmente importava era vencer a neblina. A neblina. Quando por fim recobrei a calma (eu estava chorando) e ergui os olhos para o mundo, senti que havia alguém, e voltei-me para ver. O menino esquivo e silencioso…
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Páginas claras, penumbra
Seus sentidos já pressentem o que há de vertigem sob esta superfície, e assim prossigo. Sei que contar não ajuda muito. Contar é já fazer esquecer. Ainda assim, preciso que me ouça. Você também provou de um veneno infalível, tornando-se desde então essa figura silenciosa, sobrevivente como eu. Duas vezes, diz. Em tudo está um…
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Você ainda tem essa arma?
Liana pensa por um instante que Ana Lúcia não seria dele. Nunca. Mesmo pensando nela como uma menina fácil. “Não. Eu a joguei fora naquela noite. Não podia ficar com ela, imagine.” “Por que não?” “Por que não? Ora, porque… Porque não. Se a polícia conseguisse um mandato e revistasse a minha casa e eu…”…
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Sem rumo, entre rascunhos lamentáveis
E minha enxaqueca não ajuda muito. Cefaleia, no caso, fica mais bonito. Mas dói como qualquer palavra. Aqui começa a segunda parte do romance A seta de Verena, Cadernos (I), que revela as tentativas do personagem de escrever algo que o satisfaça e o justifique como autor, oscilando entre as tentações da técnica e os…