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Alves – O navio negreiro
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Castro Alves faleceu aos 24 anos, em consequência de um tiro acidental no pé: sua própria arma de caça o atingiu quando ele resvalou em um barranco. Não existia penicilina na época, a infecção se agravou, e foi preciso amputar sua perna. Em São Paulo, onde ele estudava, não havia, na segunda metade do século 19, uma clínica capaz de realizar esse procedimento, e o poeta teve de ser transportado para a capital, o Rio de Janeiro, para a amputação, que foi realizada sem anestesia. Ele chegou a usar uma prótese de madeira por algum tempo. Morreu na Bahia, na casa de seus pais. Neste trecho do poema “O navio negreiro”, ele trabalha com habilidade a repetição ordenada de sons consonantais idênticos.
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Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança…
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…
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No segundo verso, ocorre uma repetição do som de /b/. Como há uma referência à bandeira nacional (auriverde pendão de minha terra), essa repetição, associada à sonoridade obtida pelo encontro consonantal br, pode sugerir a vibração no tecido exposto ao vento – algo intraduzível em outras línguas.
Castro Alves, O navio negreiro.
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