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Azevedo – Lembrança de morrer
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Esse rapaz entendeu desde cedo que a poesia estava acima das tantas outras coisas que nos condicionam e que nos prendem à vida. Ele é diferente dos suicidas. Trabalha não movido por impulsos drásticos, mas constatando aos poucos, a cada verso, sua grande mágoa de estar vivo. Ele consegue, com poucas palavras, passar-nos uma ideia íntima e sugestiva…
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Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas.
… e pintar uma paisagem simples, que nos entristece enquanto nos conta de sua especial beleza, com palavras que distribui ou inventa como se possuísse uma obscura varinha de condão.
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
Ele escreveu uma das estrofes mais comoventes que conheço, e que sempre me emociona, não importa quantas vezes eu passe os olhos por ela.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
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Álvares de Azevedo, Lembrança de morrer.
Leia algo sobre um clássico da literatura.
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