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O cavaleiro do século (trecho)
… que acontecem
Texto apresentado no sarau da Casa do Poeta, dezembro 2018.
Todo este conforto hoje, porém tudo me inspira a surda sensação de um difícil desafio. Talvez a vida continue exigindo de mim novos sacrifícios, não sei quais nem de que tipo. Não sinto medo. Sofro com uma grande curiosidade. Os grandes atos de bravura são invisíveis. Imperceptíveis aos que pensam que podem ver tudo. Quem sabe quanto custa a um pequeno pássaro sem nome, ensinado a acreditar no sol, atravessar sozinho uma noite inteira de tempestade e escuridão? Desdobrar-se em asas e crenças, reinventar-se durante a tormenta. Não é preciso temer por ele, pois de alguma maneira está voando com destino ao dia em que terá de aceitar seu próprio nome.
Como é possível? Não consigo suspeitar de qual seja meu nome. Meu esforço mental parece confirmar meu cansaço, um cansaço do qual também não me lembra a causa. Minha memória entoa suavemente a cantiga infantil que retorna não me atrevo a dizer de onde: Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado…
“Foi um acidente, não foi?”, digo de olhos fechados.
“Não”, ela explica. “Seus pais realmente o desejaram.”
O cavaleiro do século (Sonho 1875)
Inconsistência dos retratos – Guia de leitura
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