Office in a Small City por Edward Hopper

Sapatinhos vermelhos, o ermitão, voyeurismo, fracasso de Bambi

O mágico de OzCansado de contos de fadas e historinhas moralistas, o público leitor do final do século 19 ansiava por histórias para crianças que fossem apenas entretenimento. Quem soube muito bem farejar essa tendência foi L. Frank Baum, que em 1900 lançou O maravilhoso mágico de Oz (no cinema, apenas O mágico de Oz), um sucesso de vendas em uma época de escasso mercado editorial para o público infantil. Mas, como nada é de graça, os críticos viram na obra de Baum alusões quase evidentes à realidade de seu país e de seu tempo. Ele era do Partido Populista (que depois deixou de existir, integrando-se ao Republicano), e como sua turma andava pregando investir na prata para quebrar o monopólio do ouro, Dorothy ganha sapatinhos prateados com os quais caminha sobre a estrada de… tijolos amarelos. amarelos. (Oz é abreviatura de onça, unidade de massa com a qual se pode avaliar o peso de algum material, inclusive ouro e prata.) O espantalho era o homem do campo, que não tinha voz, mas gostaria de ter. O homem de lata era o lenhador do norte, alienado pelo trabalho semiescravo. E o leão covarde era Bryan, líder de seu partido, que falava muito bem em público, mas que, na última hora, nunca ganhava eleição alguma. (No cinema, Dorothy ganhou sapatinhos vermelhos, porque os filmes em cores eram ainda uma novidade fascinante e exploravam ao máximo esses recursos.)

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Bernardo Guimarães foi o primeiro escritor regionalista brasileiro, com o romance O ermitão de Muquém.

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O mais antigo texto conhecido dos primórdios de nossa língua chama-se “Cantiga da Ribeirinha”, escrito por Paio Soares de Taveirós. As datas são incertas, mas sempre são apontadas duas: 1189 ou 1198. Coincidência? Ou a dezena final foi trocada por erro? É um poema centrado no voyeurismo, em que o eu lírico se apaixona e se incomoda depois de ver, secretamente, a jovem Maria Ribeira se trocando. Nossa literatura começou com essa pequena sacanagem.

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O austríaco Felix Salten escreveu, sob pseudônimo, o romance erótico Josephine Mutzenbacher, de 1906, baseado nas experiências de uma prostituta de Viena.Com a anexação da Áustria pelos nazistas, Salten, que era judeu, exilou-se na Suíça, onde fixou residência definitiva. Seu trabalho mais conhecido é Bambi, uma vida na floresta, de 1923, cujos direitos foram comprados por um produtor da Metro-Goldwyn-Mayer (que logo percebeu como seria difícil fazer um filme com animais de verdade) e revendidos à Walt Disney Productions, que lançou a animação em 1942. Apesar de bem-sucedido nas bilheterias, Bambi não conseguiu cobrir seus custos de três anos de produção. O cartaz original do filme era a imagem de um livro. (Um xará, Perce Pearce, foi um dos roteiristas.)

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Mais curiosidades literárias: Alice, a bagaceira, o sonho de um homem ridículo

Imagem: Judy Garland em cena do filme O mágico de Oz (1939), dirigido por Victor Fleming e George Cukor.

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