Office in a Small City por Edward Hopper

Ossos do Quixote, metamorfoses, Fabiano e Baleia, Pompéia na noite de Natal

O homem de La ManchaDom Quixote pôs fim aos ciclos de novelas de cavalaria, populares durante a Idade Média. Cervantes estava consciente de que decretava, com seu romance, o fim de uma era. Tanto que escreveu:

“Só para mim nasceu D. Quixote, e eu para ele: ele para praticar as ações e eu para as escrever. Somos um só, a despeito do escritor fingido que se atreveu a contar as façanhas do meu valoroso cavaleiro […] e a esse advertirás, se acaso chegares a conhecê-lo, que deixe descansar na sepultura os cansados e já apodrecidos ossos de D. Quixote […] e eu ficarei satisfeito de ter sido o primeiro que gozou inteiramente o fruto de seus escritos, como desejava, pois não foi outro o meu intento, senão o de tornar aborrecidas dos homens as fingidas e disparatadas histórias dos livros de cavalarias, que vão já tropeçando com as do meu verdadeiro D. Quixote, e ainda hão de cair de todo, sem dúvida.”

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Metamorfoses é de autoria de Ovídio; A metamorfose, de Franz Kafka.

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Fabiano e Baleia, de Vidas secas (Graciliano Ramos), são considerados os personagens mais conhecidos da literatura brasileira, seguidos de Bentinho e Capitu, de Dom Casmurro, e Brás Cubas (Machado de Assis), do romance inovador que consagrou o autor internacionalmente. Harold Bloom considera Machado de Assis um dos maiores autores da literatura ocidental. Em algumas edições de língua inglesa, Memórias póstumas de Brás Cubas é conhecido como Epitaph of a small winner (Epitáfio de um pequeno vencedor), e Quincas Borba foi publicado com o título Philosopher or dog? e também The dog and the philosopher.

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O Ateneu, de Raul Pompéia, é claramente baseado em suas memórias do colégio interno. Todas as decepções e sofrimentos vividos, durante a adolescência, nesse lugar, foram muito fortes para um menino sensível e esperançoso. Raul Pompéia suicidou-se em uma noite de Natal.

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Imagem: Peter O’Toole e James Coco em cena do filme O homem de La Mancha (1972), dirigido por Arthur Hiller.

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