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Dezena invertida, apontando lápis ao amanhecer, o bom aluno na África
O verdadeiro nome de George Orwell era Eric Arthur Blair. Ele adotou o pseudônimo para não comprometer a família, que tinha origem em classes sociais tradicionais e abastadas. Nasceu na Índia, foi policial na Birmânia (hoje Myanmar) e jornalista na França. Lutou na Guerra Civil Espanhola, quando foi ferido no pescoço, o que tornou sua voz ligeiramente afeminada. Andava pelas favelas de Londres para conhecer o que seriam alguns cenários de seus romances, como para as expedições de Winston pelo bairro dos proles e para o esconderijo onde seu personagem se encontrava com Julia, no clássico 1984, romance publicado em 1949 mas terminado em 1948 – Orwell aproveitou o ano como título e inverteu a última dezena, assim chamando-o 1984 e localizando-o no futuro. No túmulo de Eric Blair, não há nenhuma referência ao pseudônimo que o consagrou.
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Graciliano Ramos, em determinada fase de sua vida, quase como num ritual diário, acordava antes do nascer do sol e punha-se a apontar lápis, alguns lápis, tranquilamente, longamente, que eram esses os seus instrumentos de trabalho. Nesse momento, segundo ele, é que tinha as melhores ideias para seus livros. Lápis, papel, ideias: um escritor não precisa de mais do que isso. Amanhece. Lápis apontados. Papel em branco. Um gênio começa seu dia.
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Fernando Pessoa, a quem associamos à imagem de um boêmio de vida instável, era bilíngue, foi educado na África do Sul, e desde menino um excelente aluno, destacando-se por seu desempenho brilhante. No Liceu de Durban, era um dos mais destacados e costumava ser aprovado com distinção nos exames. Seus primeiros poemas e seus primeiros contos (inacabados) eram escritos em inglês. Aos quinze anos, foi admitido na Universidade do Cabo com a melhor nota entre centenas de candidatos, razão pela qual recebeu o prêmio Rainha Victoria. Na juventude, leu quase todos os clássicos latinos e ingleses. Aos onze anos, com o pseudônimo de Alexander Search, enviava cartas para si mesmo. Sua obra poética principal, pela qual se tornou célebre, não foi publicada em vida.
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Imagem: John Hurt e Suzanna Hamilton em cena do filme 1984 (1984), dirigido por Michael Radford.
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Comentários
2 respostas para “Dezena invertida, apontando lápis ao amanhecer, o bom aluno na África”
Oi, Natalia. Essas atividades (hoje diferenciadas, como escrever à mão) ativam partes do cérebro, exercitam nossas capacidades e sempre acabam sendo um ganho para nós. A ideia de divulgar essas curiosidades literárias é provocar mais curiosidade ainda no leitor.
Muito interessante. Fiz um trabalho à mão, exigência bacana da professora de português no segundo ano do ensino médio, e tinha um pouco da biografia de Fernando Pessoa. Sobre Graciliano Ramos e George Orwell desconhecia esses detalhes rs..
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