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Naufrágio do Hermes, Boris sob censura, escritores sem escola
Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, foi quem deu ao jovem de 17 anos, Joaquim Machado de Assis, um emprego como aprendiz de tipógrafo. Joaquim aprendeu o serviço, passou a publicar artigos no jornal e depois livros que mudaram o curso da literatura de sua época. Ser pardo e pobre durante o regime escravagista não permitia melhores oportunidades de trabalho, por isso essa ajuda de Almeida pode ter sido decisiva na carreira de seu colega escritor. Almeida morreu aos 30 anos, uma das vítimas do naufrágio do vapor Hermes, nas costas do Rio de Janeiro.
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Uma cópia clandestina do romance Dr. Jivago, de Boris Pasternak, censurado na União Soviética, chegou até agentes literários italianos, que o publicaram. Os direitos autorais do livro foram comprados por norte-americanos, que produziram o longa-metragem homônimo, hoje um clássico do cinema. As externas do filme foram rodadas no Canadá e nos arredores de Madri, com neve artificial, simulando Moscou – daí porque não se observa o vapor d’água saindo da boca de atores e atrizes enquanto falam, em pleno inverno. (Os anos 1960 foram o auge da Guerra Fria, o que impossibilitava que os produtores norte-americanos filmassem na União Soviética.) Pasternak ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, mas foi proibido de sair de seu país para ir buscá-lo: primeiro caso de um autor impedido de receber esse prêmio. Ele era também um sensível poeta. Os italianos se orgulham de terem sido os primeiros a publicá-lo.
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Machado de Assis nunca frequentou uma faculdade. José Saramago tinha o equivalente a um curso técnico (foi serralheiro e mecânico). Clarice Lispector não conhecia teoria literária, e certa vez em que sua amiga Nélida Piñon a levou para assistir a uma palestra sobre o tema, saiu em poucos minutos, acendeu um cigarro lá fora e disse a ela: “Vamos embora daqui. Se eu continuar vendo isso aí, não vou conseguir escrever mais nada.”
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Imagem: Omar Shariff e Julie Christie em cena do filme Dr. Jivago (1965), dirigido por David Lean.
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