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Cantiga medieval de tristes vassalos
Menos o do amor.
A mesma idade. Não o mesmo passado. O que passou não mais se altera, todos aqueles dias se foram, e minha adolescência já não pode ser outra. Vanessa havia me desprezado, e Copérnico também, separadamente. Mas isso nunca significou nada para eles, portanto era como se jamais algo houvesse acontecido, magicamente. Ah, eles! E pensar que alguma vez sonhei casar-me com Vanessa, amá-la como ninguém mais pudesse fazê-lo em meu lugar, cego para com a evidente superioridade dos rapazes de seu meio, que naturalmente dispunham de mil vantagens e direitos sobre mim, isso sob todos os pontos de vista, menos o do amor.
Penso agora no que aprendi na escola, como foi útil. Lembro-me de que os senhores feudais levavam para si a noiva do vassalo, exercendo assim seu direito de nobre, porque o outro não podia com sua força bruta e com sua violência. Mas veja-se como evoluiu o mundo: sem lançar mão de qualquer gesto violento, apenas propagando inúmeras sutilezas, palavras soltas e atitudes quase imperceptíveis ao longo da vida, fizeram-me sempre acreditar que eu não valia o ar que respirava, que eu não tinha qualquer direito a conquistar uma bela jovem, e roubaram-me assim, impunemente e à luz da bondade, a noiva que jamais tive.
A conspiração dos felizes
34. Persona non grata – mas eu já sabia – sequência
32. Música suave e um vulto do passado – anterior
Imagem: Willem de Kooning. Rainha de copas (detalhe superior). 1946.
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