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Roth – A marca humana
Um dos maiores autores de língua inglesa do século 20, esse escritor de Newark produziu romances de notável qualidade literária, com visão crítica de seu próprio país e da hipocrisia moralizante que controla os seres humanos. A fundação Library of America, que se dedica à publicação da obra dos expoentes da literatura norte-americana, anunciou, em 2013, a edição completa do trabalho de Philip Roth, com isso tornando-o o único autor vivo a receber essa honraria. A amostra escolhida integra o romance A marca humana, tratando do caso de um professor universitário que se envolve com uma mulher mais jovem e menos escolarizada, despertando reações de diversas pessoas, com seus preconceitos e ressentimentos, além de mostrar uma difícil realidade envolvendo um ex-combatente de guerra sob tratamento psiquiátrico, pretexto para desmascarar a hipocrisia na política e na sociedade em geral. Um romance com o tom do universo masculino, com a visão natural dos homens sobre a vida e sobre as mulheres, no qual se lê que “quando a gente não chega ao nível de franqueza sobre a sexualidade e em vez disso age como se nunca tivesse pensado no assunto, a amizade entre dois homens é incompleta.” Philip Roth e sua marca humana.
Quem são eles agora? São as versões mais simples de si próprios. A essência da singularidade. Tudo o que é doloroso imobilizado na paixão. Talvez já nem lamentem as coisas não serem diferentes do que são. A repulsa que acumularam é demais para permitir isso. Conseguiram sair debaixo de tudo aquilo que foi empilhado em cima deles. Nada na vida os tenta, nada na vida os excita, nada na vida atenua o ódio que sentem pela vida tanto quanto essa intimidade. […]
“Depois que você morre”, pergunta ela, “o que é que tem se você não se casou com a pessoa certa?”
“Não tem importância nenhuma nem mesmo quando você ainda está vivo. […]”
[…] nós deixamos uma marca, uma trilha, um vestígio. Impureza, crueldade, maus-tratos, erros, excrementos, esperma – não tem jeito de não deixar. Não é uma questão de desobediência. Não tem nada a ver com graça nem salvação nem redenção. Está em todo mundo. Por dentro. Inerente. Definidora. A marca que está lá antes do seu sinal. Mesmo sem nenhum sinal ela está lá. A marca é tão intrínseca que não precisa de sinal. A marca que precede a desobediência, que abrange a desobediência e confunde qualquer explicação e qualquer entendimento. Por isso toda essa purificação é uma piada. E uma piada grotesca ainda por cima. A fantasia da pureza é um horror. É uma loucura. Porque essa busca de purificação não passa de mais impureza. Tudo o que Faunia estava dizendo sobre a marca era que ela é inevitável. É claro que é assim que Faunia vê as coisas. Criaturas inevitavelmente marcadas pela impureza que somos. Resignadas com a imperfeição horrível e fundamental. Ela é como os gregos, os gregos de Coleman. Como os deuses deles. Eles são mesquinhos. Brigam. Lutam. Odeiam. Matam. Trepam. […] Para o rei dos deuses, carne nunca é demais, perversão nunca é demais. Toda essa loucura que o desejo traz. A dissipação. A depravação. Os prazeres mais grosseiros. E a fúria da esposa dele, que vê tudo. Não é o deus dos hebreus, infinitamente solitário, infinitamente obscuro, com sua monomania de ser o único deus que existe, que já existiu e que há de existir, e só se preocupa com os judeus e mais nada. E também não o homem-deus totalmente assexuado dos cristãos, com sua mãe imaculada e toda aquela culpa e vergonha que essa perfeição celestial inspira.
Philip Roth, A marca humana.
Conheça aqui outro interessante escritor e sua visão crítica da hipocrisia humana.
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Uma resposta para “Roth – A marca humana”
Gênial.
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