Office in a Small City por Edward Hopper

Epicuro

Para quem a morte não existia

Epicuro

Epicuro

(Samos, ilha do mar Egeu, 341 a.C. – Atenas, 270 a.C.)

Filósofo grego que considerava o prazer como o maior bem do ser humano. Por causa disso, o termo epicurismo muitas vezes é usado equivocadamente como sinônimo de hedonismo, o que pode ter sido resultante de distorções ensinadas mais tarde por seus seguidores. Foi o primeiro filósofo a pensar seriamente na felicidade humana e em como alcançá-la. Desde criança, financiado por seu pai, teve oportunidade de estudar com reconhecidos mestres do pensamento, o que nem sempre o satisfazia em sua busca por respostas. Naquela época, Hesíodo afirmava que todas as coisas provinham do caos, e isso parecia contentar a boa parte dos pensadores. Mas Epicuro se perguntava, então, de onde teria vindo o caos. Em Téos, cidade marítima da região da Jônia, estudou com Nausífanes, que fora discípulo de Demócrito, e foi então que teve contato com a teoria atomística, uma ousada explicação do universo que outros pensadores negavam e mesmo ridicularizavam, mas que Epicuro considerou a melhor resposta para explicar a existência de todas as coisas – de certa forma, a ciência já orientava seu pensamento. Depois de ensinar em vários locais do mundo grego, instalou-se em Atenas, em 306 a.C., onde fundou uma escola chamada “O jardim”, que se tornou muito popular – foi a primeira escola a admitir mulheres, o que chocou o ambiente erudito da época, exclusivamente masculino. Epicuro considerava a fama, a glória e a ambição por bens materiais desejos criados pela sociedade, portanto artificiais. Acreditava que a felicidade consistia em viver com moderação, comportar-se com brandura, sem medo dos deuses e da morte. Para ele, a morte não afetava e não deveria incomodar nem aos vivos nem aos mortos: aos vivos, simplesmente porque estavam vivos e não mortos; e aos mortos, porque estes não existiam mais. Dentre outros pensamentos, considerava a amizade mais importante que o amor, uma das razões, apenas, de ter sido sempre muito querido por amigos e discípulos. Seus ensinamentos perduraram por sete séculos, alcançando o fim do Império Romano, até que as correntes mais fortes do cristianismo varressem da cultura ocidental todos os pensamentos pagãos.

Epicuro sofria de cálculo renal, um mal que provoca dores intensas, o que pode ter contribuído para que ele valorizasse ainda mais o bem-estar e as sensações de prazer físico.

Nada sobreviveu de seus escritos, que perfaziam algo em torno de 300 trabalhos. Mas duraram os bastante para alcançar Lucrécio, que foi um grande divulgador de suas ideias e cuja obra alcançou a atualidade.

Em A divina comédia, de Dante Alighieri, Epicuro e seus discípulos foram condenados ao Inferno dos cristãos, onde permaneciam em túmulos abertos e ardentes.

As concepções de Demócrito, que propunham a existência dos átomos, apesar de menosprezadas por outros filósofos e denegridas pelos religiosos, nunca foram totalmente esquecidas.

Leia mais sobre pensadores e artistas em Referências biográficas

 

(Imagens de pessoas tão antigas não são confiáveis. Muitas vezes são representações de um tipo étnico, não correspondendo às feições reais do indivíduo retratado.)

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