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Eu e ela em sintonia improvável
Bastidores do pequeno anfiteatro, fios mal enrolados, máscaras sem uso. Foi ali.
Tentei esquecer Vanessa movido principalmente pela realidade de minha condição, o que me impossibilitava sequer alcançá-la como mera colega de classe. Já não tinha mais esperanças nem articulava planos de aproximação: tudo se consolidava perdido para mim. Não há mais sentido em continuar sonhando alguma chance, mesmo remota, eu pensava. Não, não há mais nada.
Até o dia em que a possuí.
Não havia mais ninguém no colégio, e já escurecia. Foi ela, não eu, quem esperou nos bastidores do pequeno anfiteatro, em meio a velhos cenários, caixas de papelão, fios mal enrolados e máscaras sem uso. Foi ali. Pude ver e tocar seus pequenos seios, eretos de desejo. Conheci o calor de sua nudez, a pele das costas e a consistência das nádegas, sob minhas mãos ansiosas de abraçá-la, enquanto a ouvia murmurar: “Ah… Eu esperei tanto, tanto!, por este momento…”. Vanessa conduziu-me, quase aos tropeções, a um recorte de paredes que se contrapunha a uns grandes degraus de madeira, onde podíamos nos sentar ou nos manter inclinados, sem perder apoio nas laterais. Tornamos a nos abraçar com energia, ainda de pé e nos beijando quase sem controle. Então, devagar, ela se inclinou à minha frente, levando-me a acompanhá-la nesse movimento. Eu não resisti e toquei-lhe o vértice de maior intimidade, por pouco não podendo evitar que dois ou três dedos resvalassem acidentalmente para dentro, entre o que propiciavam minha inexperiência e sua oleosidade. Mas ela aceitou a carícia e foi se abrindo um pouco mais, enquanto eu lhe apalpava um seio. “Pensei que você fosse virgem”, disse eu salivando muito e com vergonha de estar tremendo. “E sou.” Vanessa virou-se com imprevista agilidade, pegou-me com uma das mãos e cuidadosamente levou-me a penetrá-la sob seu próprio domínio, assim evitando avanços bruscos ou talvez desastrados de minha parte, por fim soltando-me ao assegurar-se de ter-me instalado como desejava e em harmonia com suas formas. Nossa reciprocidade, até então clandestina, fazia-nos ainda mais excitados. Tudo isso, tornado real, levou-nos ao delírio da volúpia, aos mais apaixonantes momentos de êxtase, até sermos finalmente vencidos pelo cansaço, pela lassidão de nossos corpos. (Oh, o sexo… Oh, a literatura…) “Podemos voltar aqui”, disse Vanessa ajustando a calcinha, “sempre que você quiser.” Eu a admirava enquanto ela vestia a saia do uniforme, subia as meias, calçava os sapatos… “Aquela carta?”, ela riu. “Sensacional! Essas emissoras de merda merecem ouvir muito mais do que isso. É muito bom saber que ainda existe alguém como você para incomodar esses cretinos. Meu namorado? Ah, não se importe com ele, não passa de um idiota como os outros. Mas você…”, disse ela aproximando-se para um beijo. “Só você me interessa…” E mais uma vez colou sua boca ainda morna sob a minha.
Tive muitos sonhos desse tipo, deliciava-me com eles. As sensações quase palpáveis acordavam-me no meio da noite entre a incômoda umidade do esperma ejaculado há pouco. Eu estava outra vez na escuridão de meu quarto. Olhos abertos contra o silêncio. Sozinho.
A conspiração dos felizes
15. Primeiras falas de um reencontro maldito – sequência
13. Distrações e desastres (mais ou menos) dramáticos – anterior
Imagem: Connie Chadwell. Amantes.
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