Seu carrinho está vazio no momento!
Lançamento: A seta de Verena (2a. edição)
O romance está sendo relançado, com nova diagramação, após a boa acolhida da primeira etapa dessa aventura editorial. Além da satisfação em ver a continuidade desse livro junto ao público, fica também a constatação de que uma boa história sempre envolve o leitor nesse outro mundo, que é o nosso, conduzido pelas surpresas da ficção literária.
Você pode adquirir pelo próprio site, o frete é gratuito.
Este livro surgiu no início do fim. Era a última década do século 20. O fantasma do esgotamento de algumas formas literárias, em um mundo cada vez mais encantado pela narrativa cinematográfica, como também por outras mídias, visuais e sonoras, rondava não os mercados livreiros, mas a própria capacidade da literatura em se regenerar. Depois da declaração de Beckett de que,em meio a um século de tanto dinamismo, só o tédio poderia nos impressionar; depois que Borges passou pelo tempo mantendo sua firme decisão de não escrever romances; e depois que John Barth, ao publicar “A literatura da exaustão”, sugeriu o crepúsculo desse gênero como o conhecíamos, lidar com Verena só parecia fazer sentido se tudo em torno dela se enredasse no universo multidimensional e algo traiçoeiro da metalinguagem.
Aliás, o caso não era apenas a percepção do esgotamento de um gênero. O anúncio de Barth insinuava algo mais grave e inquietante: o esgotamento de toda a literatura. Por isso, o sonho de enfrentar Verena e o desafio que ela representava haviam se tornado compulsivos, inevitáveis. A linguagem teria alcançado seu limite? Os formatos continuariam seguindo seu curso como meras estruturas que se repetem? Os sentimentos que moveram os poetas de outros tempos se perderiam, classificados como doenças da juventude? Alguém escreveria ainda um último clássico, pronto para ser esquecido?
De qualquer forma, é difícil dizer que as setas arremessadas por Verena tenham sido perfeitamente compreendidas. Porque havia algo fascinante vibrando com discrição e estranhamento em cada parte do mundo, entre as vidas desperdiçadas e as gerações perdidas. Um impulso secreto e irresistível, que empurrava a última década ao primeiro dos ciclos futuros, entre o que se rompe e o que se preserva, com seus autores carregados de fantasmas.
Você pode ler também on-line:
Leia também:
Comentários
2 respostas para “Lançamento: A seta de Verena (2a. edição)”
Perce:
Não sobre o teu romance, mas sobre as palavras acima: Me parece uma falsa dicotomia, essa entre Cinema e Literatura. O Cinema só deslanchou às custas da Literatura (bom, também da subliteratura). Um bom cinema é resultado de uma boa estória. E as boas estórias você vai achar… na Literatura. Principalmente entre os clássicos.
Quando o Cinema sugou toda a Literatura dos séculos 17 a 20, Hollywood apelou para as paródias. Paródias que ficam muito a dever às ultracriticadas chanchadas da Atlântida. Compare, por exemplo, “Quanto mais quente melhor”, com Marylin Monroe e Tony Curtis, com um filme qualquer de Oscarito e Grande Otelo. O primeiro, mesmo colorido, será o pastiche do segundo, em branco-e-preto.
Descartada a fase das paródias, Hollywood apelou para os efeitos especiais, ataque imbecilizante sob o qual sofremos até hoje. Por quê? É que faltam boas estórias. Falta os escritores que sabem escrever (raridade! raridade!) descobrirem boas estórias e contá-las. Entre esses escritores que sabem escrever, coloco você, Perce. Que além de saber escrever, sabe raciocinar e expender idéias interessantes. Tá faltando uma boa estória, que a Metalinguagem não vai, evidentemente, achar…
Concordo com você, Lídio, e só tenho a agradecer por suas observações, sempre muito bem pontuadas. A metalinguagem, nesse caso, era mesmo o produto de um século de intensa produção cultural e atende a essa ideia da “literatura da exaustão”, proposta por John Barth, citado no texto acima e na orelha de capa dessa nova edição. Muito obrigado por seu texto, que só enriquece este blog e me gratifica sinceramente. Grande abraço.
Comentar