Seu carrinho está vazio no momento!
A invenção da Santíssima Trindade
“Se o mundo for contra a verdade, então Atanásio será contra o mundo.”
Essa frase, atribuída a Atanásio de Alexandria (aliás, santo Atanásio), não poderia ser mais irônica, além do indisfarçável ranço de arrogância e autoritarismo.
Atanásio, bispo de Alexandria, “inventou” a Santíssima Trindade no século 4 (Concílio de Niceia, 325). O imperador Constantino gostou da ideia e mandou exilar o teólogo que discordou da proposta, embora a maioria dos bispos do Egito o apoiassem, inclusive Eusébio de Cesareia.
A questão que reinava entre as discussões da formação da Igreja Católica envolviam a natureza de Jesus (de cuja existência não há sequer comprovação histórica). Isso teria de ficar definido, mesmo sem documentação, mesmo sem que se soubesse ao certo se Jesus tinha existido ou não, pois o que estava em jogo era a preservação do mito.
Ário, um presbítero de Alexandria (de onde vem o nome arianos, nesse contexto), propôs, no Concílio de Niceia, que o Pai (Deus, claro) estaria acima do Filho (supostamente Jesus). Mas isso não seria bom para a administração de Constantino e para dar continuidade ao plano de unificar as religiões no domínio que compreendia seus territórios. Os arianos usavam o termo homoiousia (substâncias parecidas), diferindo de certa forma o Pai e o Filho. Assim, Deus seria maior que Jesus.
Mas o teólogo Atanásio (e sua turma) sugeriu outra coisa: a mesma substância em “nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” – esse Espírito Santo, tirado da cartola, nem se ouvia falar nele até então. Os seguidores de Atanásio seriam, mais tarde, os católicos. Ário, mesmo com o apoio do peso-pesado Eusébio de Cesareia, juntamente com seus seguidores, os arianos, foi exilado pelo imperador.
O importante é que Constantino preferiu Atanásio, entendendo que essa seria a melhor opção, para que o povo não ficasse discutindo quem era o maior, Jesus ou Deus. Parece que ele acertou em cheio, embora o Império Romano estivesse a caminho de se desfazer, pouco mais de um século à frente.
Religião é, sem dúvida, algo impressionante. Alguém decreta uma “coisa”, e fica valendo. Ensina-se isso às crianças, transmitem-se as novas superstições às gerações seguintes e, espantosamente, isso tudo passa a ser… verdade!
Leia mais sobre curiosidades históricas: O ano em que me queiras
Leia também:
Comentários
6 respostas para “A invenção da Santíssima Trindade”
O religioso quer se sentir especial. Quanto mais distante da realidade ele estiver melhor.
É incrível como o consciente coletivo funciona.
A frase de Joseph Goebbels me lembra a base das religiões, “Uma Mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”
Isso é preocupante, diz respeito as limitações do raciocínio humano, como as pessoas precisam acreditar em algo, mesmo se não há provas que comprovem tais verdades.
Interessante que a maior prova que temos apesar dela sofrer alterações pelas mãos humanas. Podemos encontrar provas nas escrituras. Porém infelizmente em todas as tradições não prova sobre a santíssima trindade, passando de uma grande mentira.
Não pode haver provas externas de algo que nós mesmos criamos em nossa imaginação.
Comentar