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Aquarela
Toda vez que eu desenhava no chão da praçae te divertia com figuras cômicas e flores de mentira,
secretamente eu te fazia minha. O traço e a cor de que dispunha ao dia
buscavam reter por mais tempo, se tanto podiam,
tua curiosidade aérea, teus olhos de menina.
Porém, do arranjo de flores e figuras minhas,
como do velado jogo, nada percebias. A chuva te afastava, desfazia-me os desenhos,
e mais te tornavas irmã de minhas cores se partias,
e mais sonhava eu sonhar-te minha
como toda vez que eu desenhava no chão da praça
e te divertia com flores lúdicas e formas de mentira. ……………….Se hoje visses como cada traço cria
………………chances de um lugar onde habitássemos
………………com flores plenas como não se ofereciam… Tarde revelam-me as formas que não mais se firmam,
tua distância cinza e outras chuvas finas,
do tempo que te afasta e me desfaz dos desenhos todos
que te traziam viva como quando vinhas,
como toda vez que eu desenhava no chão da praça
e te divertia com flores de mentira.
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Diário contra o destino.
Imagem: Jessica Siemens. Folhas azuis. 2009.
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