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Diário, 26
1
Estrela de minha noite clara,
arqueira fugitiva de olhos vagos
oculta
na floresta dos segredos:
vou caçar-te por toda a existência. 2 Toco o papel e escrevo,
conto meu canto sem voz,
registro que sou de mim mesmo
em palavras possíveis. Toco o papel com meu sonho
de criança condenada
e assim atravesso minha própria morte,
alheia. Pedras, palavras
desafiando o tempo de meus olhos,
deixando-me aqui de alguma forma:
contra a certeza do último dia,
a maldição de não morrer inteiramente. 3 Esta, a temporada das cinzas,
queimadas a distância fechando outra tarde de fogo. O que passa por tudo, ilude com vida e no entanto consome
não é o abstrato rapinante a que chamamos tempo,
mas a ação do incêndio real, chama
que há muito se ergueu e ainda arde,
o humano conflito,
a paixão e os sonhos de todas as eras. Assisto à intensidade da fogueira imensa
e por causa dela sou ainda o que escreve. Mas eu não sou o Homem nem o Fogo, mas eu
não sou a dimensão dos sonhos
ou a entrega de todos os que vivem. Meu trabalho é apenas contar. 4 Dia que não é outono, que não é inverno: noite.
Estalar dos móveis, visita de insetos ignorados.
…………..Ao longe o ladrar dos cães,
…………..rumor de um sonho impreciso. Aqui, meu quarto é muitos lugares.
Não sei de meu mundo ou se é fora de mim
nem se hoje viajo ou morro
enquanto me oprime o nunca chegar. Frente ao que desconheço, cada fibra de meu corpo
se insurge
contra o que as rege,
tudo o que limita, avulso e vão. Trevas de passagem.
Febre, garganta sedenta e só o que aceito:
o destino de rebelar-me. .
arqueira fugitiva de olhos vagos
oculta
na floresta dos segredos:
vou caçar-te por toda a existência. 2 Toco o papel e escrevo,
conto meu canto sem voz,
registro que sou de mim mesmo
em palavras possíveis. Toco o papel com meu sonho
de criança condenada
e assim atravesso minha própria morte,
alheia. Pedras, palavras
desafiando o tempo de meus olhos,
deixando-me aqui de alguma forma:
contra a certeza do último dia,
a maldição de não morrer inteiramente. 3 Esta, a temporada das cinzas,
queimadas a distância fechando outra tarde de fogo. O que passa por tudo, ilude com vida e no entanto consome
não é o abstrato rapinante a que chamamos tempo,
mas a ação do incêndio real, chama
que há muito se ergueu e ainda arde,
o humano conflito,
a paixão e os sonhos de todas as eras. Assisto à intensidade da fogueira imensa
e por causa dela sou ainda o que escreve. Mas eu não sou o Homem nem o Fogo, mas eu
não sou a dimensão dos sonhos
ou a entrega de todos os que vivem. Meu trabalho é apenas contar. 4 Dia que não é outono, que não é inverno: noite.
Estalar dos móveis, visita de insetos ignorados.
…………..Ao longe o ladrar dos cães,
…………..rumor de um sonho impreciso. Aqui, meu quarto é muitos lugares.
Não sei de meu mundo ou se é fora de mim
nem se hoje viajo ou morro
enquanto me oprime o nunca chegar. Frente ao que desconheço, cada fibra de meu corpo
se insurge
contra o que as rege,
tudo o que limita, avulso e vão. Trevas de passagem.
Febre, garganta sedenta e só o que aceito:
o destino de rebelar-me. .
Poema lido por Maris Ester Souza no sarau virtual da Casa do Poeta, 1.8.2020.
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Imagem: Helen Frankenthaler. Rumo ao oeste. 1977.
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