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Lisette Maris. Um silêncio de grandes ventos (13/15)
Mas já não podem ouvir nem se mover. São agora formações de gelo presas à paisagem da estação. E nada esperam. E nada desejam.
Do alto de meu posto, dou as últimas ordens para que Lisette Maris ponha-se a caminho. Damares, tão bela quanto no sonho anterior, mantém-se ao meu lado, vestido e cabelos agitados pelo vento. Penso que todos estão a bordo, quando ouço, surpreso, o chamado de um homem lá embaixo. Logo atrás do viúvo, o grupo que inclui minha mãe espera com ansiedade que seu porta-voz consiga ainda deter a escuna, a tempo de embarcá-los também.
“Volte seus olhos para nós, capitão Newman!”, pede o viúvo, com a voz debilitada pela angústia. “Considere nossas chances. Não queremos ser os mortos.”
“Não queremos ser os mortos”, outros, dentre eles, repetem.
“Capitão Newman, leve-nos deste endereço. Leve-nos daqui. Leve-nos para longe!”
Um silêncio de grandes ventos separa Lisette Maris dos que rastejam sobre a Terra. Faço um sinal para que embarquem enquanto é tempo, mas, estranhamente, nenhum deles atende ao meu gesto. Já não podem ouvir nem se mover. São agora formações de gelo, presas à paisagem da estação. E nada esperam. E nada desejam.
Lisette Maris em seu endereço de inverno (13/15)
Lisette Maris 14. Um sonho afundando em sangue – próximo
Lisette Maris 12. Sinais sutis e sinais gritantes – anterior
Imagem: Willem van de Velde, o Jovem. Navio inglês inclinado por uma ventania. Séc. 17.
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