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Lucrécio
Uma voz solitária da ciência em Roma
Lucrécio (Titus Lucretius Carus)
(Roma, c. 99 a.C. – c. 55 a.C.)
Filósofo e poeta romano, viveu num período de dominação do Império, que primava pela liderança política, militar e econômica, mas nunca pela inovação científica, que continuaria em mãos dos gregos até o fim da Antiguidade, no século 5. Nada se conhece sobre sua vida, exceto que morreu relativamente jovem. Cícero editou seus livros, sendo o mais famoso, em forma de versos, Sobre a natureza das coisas, no qual defende a filosofia de Epicuro como uma chave para a compreensão dos segredos do universo e para a realização da felicidade humana, razão pela qual se propôs a ingrata tarefa solitária de tentar libertar os romanos do domínio religioso por meio do conhecimento da realidade das coisas. Concordava com as ideias de Demócrito, convencido de que tudo que existe seria formado por átomos, inclusive a luz visível e até mesmo objetos imateriais, como a mente, talvez constituídos por partículas mais delicadas do que as que formavam a matéria bruta. Lucrécio imaginava um universo em evolução, um conceito extremamente avançado para a época, segundo o qual, a partir de um passado irreconhecível, todas as coisas, inclusive a sociedade humana, teriam evoluído lentamente até o estado atual. Acreditava na existência de criaturas vivas que, mesmo invisíveis, poderiam causar doenças – o que antecede em quase 20 séculos a microbiologia. Segundo ele, a alma é mortal, e o medo da morte teria motivado a criação do mito da eternidade individual. Sugeriu que, logo após a morte de alguém, restaria um simulacro temporário, o que explicaria a visão dos fantasmas que assombravam os vivos. Seu trabalho tem também grande valor literário, o que o consagrou como um dos mais importantes poetas latinos. Mesmo assim, seus poemas sobreviveram precariamente, não tendo sido publicados durante toda a Idade Média, sob domínio do cristianismo.
• Um de seus manuscritos foi redescoberto em 1417. Com a invenção da imprensa pouco tempo depois, o poema foi impresso e largamente difundido, o que fez de Lucrécio uma referência na divulgação das teorias atomísticas de Demócrito, estendendo sua influência até Dalton.
• São Jerônimo, quatro séculos mais tarde, inventou a história de que Lucrécio sofria surtos de loucura e teria escrito seu livro mais importante em intervalos de lucidez. Além disso, teria ingerido veneno (um filtro de amor) para suicidar-se. Provavelmente essa versão trágica e falsa se deva ao fato de Jerônimo sentir aversão pela figura de Lucrécio, como também por suas ideias, declaradamente perigosas para a religião.
• Lucrécio foi um importante divulgador dos trabalhos de Epicuro, um precursor do pensamento voltado para a felicidade humana.
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(Imagens de pessoas tão antigas não são confiáveis. Muitas vezes são representações de um tipo étnico, não correspondendo às feições reais do indivíduo retratado.)
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