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A bicicleta que passou
O presente de estar vivo
Essa casa ainda está lá. Mas um dia será muito velha, e não valerá a pena retê-la entre os dedos. Essa foto também desaparecerá no futuro, por falta de interesse apenas, o que é natural. Um dia, essa rua será outra, talvez mesmo mude de nome. Talvez se torne uma passagem entre uma rodovia expressa e um elevado. Ou desapareça sob a construção de um vasto parque industrial. Talvez seja uma praça. O acesso a um túnel. Um dia, também, ninguém saberá que a minha cidade existiu. Todo o esplendor do meu país será reduzido a ruínas, como aconteceu com todas as civilizações do passado. Mas era o mesmo o esforço de subir essa bicicleta, levando-a pela mão, na rampa íngreme da entrada da escola. Eu não podia parar na metade da rampa, por falta de força, não podia fracassar em público. Mesmo sabendo das ruínas minando todo o prédio, todo o bairro. Essa ridícula fração de tempo – a vida de uma pessoa, os poucos anos de estudo num certo lugar e os poucos segundos que envolviam essa subida diária pela entrada dos fundos – ignorava todo o passado, todo o futuro. Às vezes, envergonhado, eu pedia ajuda a alguém.
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Comentários
2 respostas para “A bicicleta que passou”
Obrigado, Rubens, que bom que está gostando.
Abração.Belas palavras, professor. Incrível seu modo de pensar sobre essas fotos antigas, sua cidade, escola, sua pesada bicicleta (ou seus fracos braços hahaha), seu passado e a maneira como transmite isso em sentimentos e palavras.
Tenho acompanhado seu blog. Parabéns pelo belo trabalho!
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