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Micro-organismos
A manhã pelos vidros do laboratório não o afasta da noite anterior, quando se dera a dolorosa confirmação de que vinha sendo traído, e o pior: era o último homem que acreditaria capaz de despertar desejos em uma mulher. A manhã pelos vidros o trespassa de grades enquanto se desloca em direção ao local de trabalho, onde o colega mal o percebe e ao seu duro silêncio. Por um momento, o outro desvia-se dos micro-organismos que até então o distraem sobre a lâmina. “É espantoso que lutem tão avidamente para expandir-se, mesmo tendo à frente a aniquilação. Ainda que assim não fosse, qual pode ser o objetivo de tal expansão, senão apenas a presença dessa mesma colônia por toda parte?” “Esses”, a manhã pelos vidros não o impede de responder, “somos nós.”
Lisette Maris em seu endereço de inverno – Guia de leitura
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53. Antropologia aplicada – anterior
Imagem: Paul Klee. Insula Dulcamara. 1938.
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