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Clara sob luz amena
Ela me ajuda com a calça, tira-me pelas pernas o que até há pouco impedia-me a nudez. Em troca, abro-lhe o vestido, o sutiã, desço-lhe a calcinha aos joelhos que se dobram, um após outro, tornozelos simultâneos. Não nos agrada a breve união que facilmente aproxima o orgasmo. Sempre nos lembra algo em que participe o perigo, o estranhamento, o não nos reconhecermos por um momento ou por certo tempo parecermos outros. Algo que a ela custe pouco e me traga o infinito. Por minha vez, há o que lhe proporcione e pouco me custa, e nela faz realizar-se o êxtase. Detalhes, adereços e objetos, tudo parece desafiar essa nossa incontrolável criatividade, antes que o tão conhecido orgasmo outra vez nos deite lado a lado. Agora posso ver, com calma, seu corpo, seus seios, suas pernas em duas posições diferentes, sem nenhuma pressa instintiva, olhos de um observador justo. Pego a mão dela, de proporções precisas, e a contemplo sob a luz suave. “Sabe, Clara? Suas mãos despertam em mim uma vontade louca de voltar a desenhar.”
Lisette Maris em seu endereço de inverno – Guia de leitura
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44. Técnica singular para inflar balões – anterior
Imagem: Edward Hopper. Interior no verão. 1909.
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