Office in a Small City por Edward Hopper

O homem do violão azul

Este fragmento de poema aparentemente inofensivo de Wallace Stevens dá o que pensar sobre as escolhas dos artistas e as condições da arte. O músico Tom Zé encantou-se ao conhecê-lo. Outros poemas desse norte-americano costumam ser algo enigmáticos, estranhos aos nossos olhos viciados em praticidade e treinados a assimilar conceitos transmitidos pelo ambiente acadêmico. Mas observem: o dia é verde. O violão é azul. E as pessoas….

Homem curvado sobre violão,
como se fosse foice. Dia verde.
Disseram:  “É azul teu violão,
não tocas as coisas tais como são.”.
E o homem disse: “As coisas tais como são
se modificam sobre o violão.”.
E eles disseram: “Toca uma canção
que esteja além de nós, mas que também seja nós.
 
No violão azul, toca a canção

das coisas justamente como são.”.  

The man with the blue guitar, 1937. Tradução de Paulo Henriques Britto.

 Leia mais poemas e sobre poesia: Eu morri pela beleza – a arte de Emily Dickinson

Rapsódia em cinza

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Comentários

3 respostas para “O homem do violão azul”

  1. Avatar de Diogo

    É realmente a poesia e a prosa me atraem, mas ainda sou pássaro dentro do ovo, quem sabe um dia poderei escrever como um escritor de verdade, assim como você. Com relação ao poema é belo, simplesmente, belo, devemos ser nós próprios, humanos na simplicidade, afinal para que complicar o que não é complicado.

    Para que querer ter
    Outra forma
    Se a sua forma
    Já lhe é dada
    Para ser o que é

  2. Avatar de ANTONIO CÍCERO DA SILVA (ÁGUIA)

    Olá, meu caro amigo e colega Perce, boa tarde.
    Me sinto muito honrado por estar ao seu lado em publicações tão importantes.
    Abraços,
    Antonio Cícero da Silva (Águia)

  3. Avatar de Cris Dakinis

    Ah, eu também me encantei com o poema, quem não se encantaria?! Eu também sou azul, às vezes, em excesso; o que não é incomum, como se deduz da opinião do poeta.
    Lindo, lindo!

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